19/08/2025  09h35
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
08/06/2013 - 17h03
Capacidade de moagem é novo gargalo
Guilherme Nastari
 
É preciso investir para crescer

A recuperação na produtividade dos canaviais, junto à gradual expansão das regiões de cultivo e uso de tecnologia, tem aumentado o volume de cana-de-açúcar a ser moída na safra. Em 2012/13 estima-se que foram moídas 590,6 milhões de toneladas em todo o Brasil, volume que subirá para 635 milhões de toneladas em 2013/14 segundo estimativa da DATAGRO. Pela primeira vez a quantidade de cana moída atingirá patamares superiores aos atingidos na safra 2010/11, que chegou a 620,003 milhões de toneladas.

A recuperação na produtividade agrícola e expansão dos campos tem resultado em volumes de cana-de-açúcar cada vez maiores, e consequentemente mais próximos da capacidade máxima das usinas. Em 2012, o somatório das usinas de todo o país tinha capacidade para moer 664 milhões de toneladas. Ou seja, durante a safra 2013/14 serão utilizadas mais de 95% de toda a capacidade de moagem existente no país, índice perigosamente próximo do máximo. Com índices como este se pode afirmar, portanto, que há risco das usinas não conseguirem moer tudo o que se produz no campo. A não ser que se façam investimentos ou que haja uma improvável queda na produtividade agrícola, em um futuro próximo a oferta de produtos da cana poderá ser limitada pela capacidade de moagem.

A necessidade de expansão se dá ainda com mais ênfase se consideradas as boas perspectivas de demanda para produtos da cana no mercado interno e para exportações, especialmente se tratando de etanol. Caso as metas de substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis dos EUA (RFS-2 Targets) e UE (RED) sejam atingidas, a demanda mundial por etanol passará dos atuais 90 bilhões de litros para 175 bilhões de litros em 2020 – daqui a apenas 7 anos. O senso de urgência nesta questão é aumentado quando visto que o prazo de instalação de novos projetos industriais é de 2 a 3 anos, e outros 2 a 3 anos para a construção do canavial correspondente.

Sabe-se que os investimentos do setor nos últimos anos tem se concentrado nos canaviais e na ampliação da flexibilidade industrial (mix), com pouca dedicação à expansão da capacidade de processamento. Favoreceu-se este aspecto por diversas razões, desde a crise financeira de 2008, que restringiu o acesso ao crédito, ao clima adverso que fustigou plantações a partir de 2009, cenário do qual o setor está somente agora se recuperando. Investimentos foram inibidos ainda pela perda de competitividade do etanol hidratado, promovida em grande parte pelo controle de preços de combustíveis fósseis com favorecimento ao consumo de gasolina. Um mercado com excedente de açúcar e altos estoques da commodity por 3 anos consecutivos atenuou ainda mais os ânimos de empresários, que optaram por discrição.

Outro gargalo importante na questão de investimentos em novos projetos é a falta de incentivos para a cogeração de energia elétrica com biomassa. Greenfields, novas usinas instaladas na fronteira agrícola que estão em processo de implantação, necessitam tanto da produção de etanol quanto da cogeração para serem viáveis. No entanto, o preço negociado em leilões de energia elétrica por MWh gerado é muito inferior aos custos, decorrente ao menos em parte ao formato das negociações, realizado por modicidade. Esta falta de incentivos a novos projetos contribui para estacionar a evolução da capacidade de moagem de cana. Para o ano de 2013 estão confirmadas as inaugurações de apenas duas novas usinas no país.

Com a volta à mistura de 25% de anidro na gasolina e boas perspectivas para o etanol no mercado interno e exportações, é preciso retomar investimentos neste momento de recuperação da produtividade agrícola. Sem a retomada de investimentos, o cenário provável é de excesso estrutural de demanda nos próximos anos.


Nota do Editor: Guilherme Nastari é mestre em agroenergia e diretor da DATAGRO.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.