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15/06/2013 - 09h20
Manifestações em São Paulo – Um relato
Adriana Miyazaki de Moura
 
3º Grande Ato Contra o Aumento das Passagens

Não publiquei nada antes para não assustar os familiares e amigos, mas agora que estou de partida para uma viagem e não vou poder estar presente na cidade nos próximos acontecimentos, dou o meu relato.

Bom, fui ao terceiro protesto contra o aumento das tarifas e a favor da melhoria no transporte público. Foi minha primeira experiência com uma manifestação desse porte. Fui preparada para o enfrentamento e pra levar chumbo (parece loucura, mas foi isso mesmo). Encontrei com uns amigos e eles puderam ver como a minha preocupação era evidente (quem me conhece sabe como fico nervosa), pois havia lido o que o Alckmin disse no jornal sobre a atuação da polícia um dia antes.

Na concentração da manifestação havia muita gente. A maioria formada por pessoas sem porte físico para um confronto. Muitas mulheres e jovens, mas também vi todo o tipo de gente: ricos, pobres e "classe médias". Vi de perto como funciona a ignorância e o terror psicológico implantado pela mídia: olhei para o lado e vi vários policiais e um carro de bombeiros. Assustada e sem conhecimento de como funcionam os protestos, falei para os amigos: "Putz, ferrou!", eles logo me tranquilizaram, dizendo para ter calma, que não há conflito no começo e sim depois de um tempo.

Protesto iniciado, começamos a descer a Paulista. Os policiais faziam a segurança para liberar uma faixa do trânsito para carros e ônibus passarem. O protesto se locomovia relativamente rápido. Descemos a Consolação, cantando (tinha até pessoas tocando tambores) e chamando as pessoas para vir para a rua junto conosco. Se havia vandalismo? Se eu disser que não estaria mentindo, mas esse era praticado por uma minoria que não era apoiada pela maioria, e essa minoria era de pouquíssima gente. Basta parar um pouco pra pensar: imagina se 12 mil pessoas (eu acho que tinha mais gente) resolvessem vandalizar, não ia sobrar pedra sobre pedra. Porém os atos de vandalismo que presenciei foram apenas poucas pichações, ninguém quebrando nada. Passamos na frente da estação Paulista, olhei a quantidade de policiais lá na frente e pânico, decidi entrar no metrô e sair fora, reportei minha decisão para os amigos, que me disseram que os policiais lá na frente estavam apenas lá para garantir a segurança do metrô e que não tinha como atacarem, resolvi continuar.

Nesse meio tempo, não sei dizer exatamente o momento, começou a chover realmente forte. O povo, unido, não saiu da rua e enfrentou a chuva. Foi lindo! Até chorei de emoção. Minhas lágrimas se confundiram com a chuva e quem estava do lado não percebeu. Cantávamos, todos, pacificamente, em coro pedindo a melhoria da cidade.

O protesto entrou num túnel (nessa parte a polícia parou de fazer a segurança para liberar uma faixa), nós estávamos mais perto do meio/começo. Achamos aquilo estranho. Paramos para ver o que acontecia e vimos que o começo da manifestação tinha atravessado o túnel sem ninguém ferido. Entramos no fim do protesto e corremos para alcançar a multidão. Estávamos no final do protesto e perto dos policiais. Vi um grupinho muito pequeno incendiar um pneu. Isso foi algo que me marcou muito, porque era evidente que aquelas pessoas não eram um representativo do todo e, pasmem, vi as fotos nos jornais no dia seguinte e a foto daquele momento que presenciei dava uma outra impressão, uma impressão muito ruim, quando na verdade era um ato isolado, qualquer um que estava do lado entendeu, até mesmo os policiais (um deles com uma câmera na mão), mas não foi isso que apareceu na mídia. Corremos para não ficar perto, um conselho: não corram, as pessoas veem você correndo, não sabem o que está acontecendo e correm também. Depois o protesto começou a parar. A polícia ligou a sirene. Achei estranho e vi que aquele era o meu limite. Saí pelo canto e fui embora pegando o metrô junto com amigos que me deram muito apoio (meus sinceros agradecimentos), toda ensopada da chuva. Saí no momento certo, porque conhecidos que ficaram me disseram que aquilo foi uma armadilha da polícia. Desviaram o protesto para acabar no terminal Parque Dom Pedro e encurralar a galera, jogando bombas e atirando (é assim que eles agem, covardemente), aí depois foi só pânico. A polícia atacou. O povo, pacífico, pedia a não violência e foi recebido com balas, bombas e prisões. Houve atuação de alguns grupos extremistas (que não eram representativos da maioria), que agiram da forma que eles achavam correta, com depredações.

Vou pedir para que independente do que você acredite, se é a favor de "quebrar tudo" ou não, NÃO QUEBRE!! NÃO QUEBRE!! Se você fizer isso você vai estar AJUDANDO a mídia, porque é isso que eles querem, eles só vão filmar a quebradeira. Precisamos pensar em atingir o maior número possível de pessoas indignadas. Por isso, NÃO QUEBRE, NÃO PICHE!!! É isso que a mídia quer!!! A MÍDIA QUER QUE VOCÊ QUEBRE E PICHE PARA FILMAR E NOTICIAR APENAS ISSO!!! ATENÇÃO!!

Gostaria de pedir para todos os amigos que puderem, para estarem presentes no próximo protesto. Podem ir até o momento que aguentarem, não precisam ficar até o fim. O começo é sempre tranquilo e são dados sinais de quando a polícia vai agir, basta perceber, eles não são sutis. Se a rua para, provavelmente algo vai acontecer. Vão em grupo, uma pessoa só é sempre mais fraca. Vamos mostrar que estamos indignados e que isso é só o começo, vamos lutar também pela diminuição dos impostos, melhoria da educação, da saúde e de todos os serviços básicos!! Avante!! Independente de ideologias políticas, acho que todos querem a melhoria das condições para a POPULAÇÃO, então nesse momento devemos estar todos unidos!! Liberais, libertários, conservadores, comunistas, socialistas, monarquistas, apolíticos, seja lá o que você for, você é bem-vindo, porque é uma luta comum!!

Adriana Miyazaki de Moura
miya@unitednerds.org

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