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Crônicas
21/06/2013 - 09h21
Pacato cidadão
Maria do Rosario Bessas
 

De repente me senti lá nos anos 70. Ninguém me avisou que a juventude havia acordado, que estava levantando bandeiras há muito amareladas pelo tempo, quando a gente acreditava em protestos e saía pelas ruas reivindicando. Já levamos jatos de água, de gás, corte de salários, cassetadas, mas de repente tudo parou, o povo parece que cansou ou se alienou, e ninguém nunca mais saiu às ruas para protestar por nada. E quando saía, era em pequenos grupos, que na maioria das vezes eram tratados como baderneiros, marginais, sem respaldo dessa sociedade acomodada. Vimos no resto do mundo movimentos por causas sociais, econômicas, políticas e ficávamos de cá, de braços cruzados, na nossa cômoda situação de aceitar tudo como normal no nosso país. Se nos roubam, é normal, político é assim mesmo, todo mundo que vai para a vida pública vai com a fome de desviar verbas, fazer riqueza fácil. Sempre foi assim no Brasil... Se as leis que dançam no Congresso nos castigam, desmoralizam, acabam com a nossa dignidade e com os nossos direitos, não temos o poder que os políticos têm, não podemos fazer nada, o povo escolheu, fazer o que? E assim, vemos todos os dias a canalhice da política suja desviando nossas verbas, superfaturando nossas obras, atrasando projetos para conseguir verbas de emergência sem licitação, usando e abusando de falcatruas para enganar o povo e usurpar os cofres públicos. E quando são flagrados nessa vergonhosa carreira e vão parar nas mãos da justiça, sempre tem um guardião por detrás dos panos, abrandando as leis e achando saídas para que a impunidade prevaleça. E não só a impunidade, como também os privilégios de continuar a vida política, apesar da ficha suja. E nós nos acostumamos a ver tudo isso de braços cruzados, indignados talvez, mas acomodados. E quando de uma hora para outra alguém consegue mobilizar um movimento que coloca o povo nas ruas, ficamos de boca aberta, queixo caído, com a impressão de que estamos em outras terras, se não o Brasil. E foi por uma gotinha de água, onde muitos questionam não entender a extensão da revolta. É que o copo estava cheio, transbordante, não havia mais nenhum espaço para um milímetro sequer de paciência. O povo acordou. Um pouco tarde, talvez, porque a corrupção já se instalou no comportamento de muitos segmentos sociais nesse país, a indiferença com a sociedade já virou rotina e o descompromisso com a causa pública já virou banalidade. Mas sempre é tempo de lavar a roupa suja, jogar o que não presta fora, dar uma faxina na casa e começar vida nova. Principalmente se os inquilinos que vêm agora são jovens, cheios de vontade, de esperança, de coragem para enfrentar os velhos estigmas que se entronizaram pelo caminho. Mas que venham de caráter firme, com o olhar limpo para as mudanças, despidos dessa vontade louca de levar vantagem que a maioria dos que crescem nesse país levam consigo. Eu tenho fé de que muita coisa pode mudar. Basta querer. Não existe nada mais capaz de acuar o inimigo que o guerreiro destemido, capaz de descobrir suas armas sujas. Depositamos nossa esperança nas mãos desses que sinalizam novos tempos. E já começamos a descruzar os braços para também procurar pelos caminhos onde foi que deixamos nossa coragem, nossos sonhos, nossas lutas, nossa dignidade. Ainda é tempo de procurar...

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