Em alguns lugares, saques e violência, em outros porrada do poder contra o povo. Bom esta história não é nova, novidade é a crise entre as ditas entidades tradicionalmente representativas. Os manifestantes, gritam palavras de ordem “Partido não!”, “Oportunistas”. O mesmo acontecia para os sindicalistas. Então lideranças tradicionais de redutos de mobilização política e religiosa (estou falando da religiosa engajada, coisa séria entende), chegam a chamar o movimento de fascista. O que dizer? Estava quase caindo, eu, minha esposa e dois amigos, empoleirados em uma “ilha” na Paulista, a multidão cercava de todos os lados e apertava, quem tentava subir por vezes acaba derrubando quem estava em cima. Não havia mais espaço para um pé. A geral estava revoltada com a chegada das bandeiras de partidos, se recusavam a deixar passar. Sentaram e formaram a “barricada humana” contra a passagem dos militantes partidários. Por outro lado, os militantes políticos, tentavam forçar a passagem de forma tão violenta quanto, gritando; “fascistas” e “burgueses”. O bicho parecia que ia pegar, então escutamos estouros, parecia que o choque havia decidido intervir. Início de correria, eu e minha esposa fomos procurar um lugar para nos abrigar. O clima ficou tenso por alguns minutos, mas as bandeiras, finalmente foram retiradas e o samba começou, pelo menos em São Paulo, ou onde estávamos. Mas fica a pergunta, quem está certo? Por que isto acontece? Porque os partidos, mesmo os aparentemente mais radicais de esquerda, são rechaçados, junto com os sindicados. Será que o movimento é de burgueses e fascistas? Acredito que novamente estamos partindo para simplificação das coisas. Se por um lado os manifestantes, são irredutíveis, em não aceitar os partidos e outras estâncias tradicionais de militância social e política. Por outro, temos a arrogância dos militantes partidários, e lideranças, em achar que o fato deles não serem aceitos, quer dizer que o movimento é fascista e burguês. Pois seriam eles os autênticos, os demais não. Ah! Vamos parar com esta frescura toda! Principalmente as lideranças. Quando alguém vai dar a mão a palmatória? E reconhecer o direito do outro! De todos os lados o que podemos ver é a embriagues pelo poder. Ao invés de simplesmente criticar, que tal participar? Analisar de forma crítica sim, mas participar. O que se vê agora, é uma coisa muito mais complexa. A época das “estrelas” passou, as ideias e ideais passaram a ser bastardos, todos são pais e mães. É por isto que estes movimentos estão sendo chamados de HORIZONTAIS! Não tem mais aquela história dos “velhos” caciques. O velho chavão “eu estava lá!”. Pois é EU ESTAVA LÁ, e daí? EU era mais um, tão importante quanto qualquer outro. Nem menos, nem mais. Nota do Editor: Paulo Sanda é teólogo, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH, é um dos coordenadores do Portal Palavra Aberta (palavraaberta.com.br). Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)
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