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Opinião
23/06/2013 - 17h09
Novo mundo
Amadeu Garrido de Paula
 

Os avanços tecnológicos fizeram de um mundo imenso uma pequena aldeia do século 21. As casas do passado eram anexas, como se vê, ainda, de muitas cidades em nosso país; provavelmente, com dois objetivos: defender-se dos malfeitores e comunicar-se imediatamente pelas paredes. De todo modo, conviviam simultaneamente.

O espaço dos grandes conglomerados urbanos esgarçou o tempo e favoreceu a dispersão da sociedade, o que favoreceu a dominação dos poderosos: Hoje, com o impulso digital, veio a revolução dos bichos. O imenso planeta passou a ser uma aldeia, em que o espaço ainda é real, mas o tempo deixou de ser um conjunto vagaroso de instantes. É um único instante. As praças do inconformismo de todos os cantos, do ocidente ao oriente, se unificam. A liderança é a instantaneidade das comunicações - sobretudo dos malfeitos cotidianos. Falta aos jovens comunicadores filosofia, pauta de proposições, objetivos claros. Brota, porém, a irresignação, uma espécie de inconsciente coletivo. E ele diz que as coisas correm mal. A Organização das Nações Unidas - ONU tem feito esse alerta, inutilmente, nos últimos tempos. Os governos e os políticos locais fazem ouvidos de mercadores.

As massas urbanas começam a se manifestar. Aliás, já começaram a tempo pelo mundo afora. No Brasil estavam adormecidas, a ponto de sua inanidade criar espécie em analistas estrangeiros. Agora vieram à tona. Os pretextos variam, a exemplo de um aumento suportável nas tarifas de ônibus, por um povo que já suportou aumentos maiores, numa história crônica de austeridade - ou, como queiram, de sofrimento. Assim como, na Turquia, uma praça a ser transformada num shopping. No fundo, cada nação tem sua agonia e seus ganchos específicos. A questão, porém, é muito mais complexa. Coloca-se em jogo a efetividade da democracia, seu significado profundo e o sentido das liberdades públicas.

No Brasil, eclodiu um profundo sentimento de desalento com um partido que prometia uma nova história. E que chegou a dizer que a começara do zero. O que se desfez foi a esperança. A corrupção ficou escancarada. E todos sabem que é generalizada no contexto de uma burocracia empedernida, em que nada funciona. A maioria das obras do PAC foi glosada pelo TCU e voltou à primeira estaca. Nunca tantas licitações foram anuladas e as obras paralisadas. Com certeza não por erros, mas por bandalheiras. É raro o dia em que os jornais não noticiam um mal feito. Como se não bastasse, todos percebem que a economia está sem rumo. A inflação bate às portas. E nosso crescimento é pífio, mesmo em comparação com outros países do continente.

Para completar, um país violento, sem saneamento básico para metade de suas famílias, sem estradas decentes, caminhos tortuosos que provocam tragédias e desgastes humanos e econômicos; sem transporte coletivo minimamente digno, e cujo governo considera integrantes da classe média segmentos que, em países do primeiro mundo tangenciariam a linha da pobreza. A administração risonha se entrega ao "fair plair" dos eventos lúdicos. É certo que foram criados empregos: conjunturais, transitórios. Depois da alegria - ou da tristeza - ficaremos com os esqueletos e com os desempregados. Em tempo real, pelo indutor digital, tudo isso invade as inteligências racionais ou emocionais; e os convites para os legítimos protestos são acolhidos não só pelos jovens. Estes, obviamente, têm mais motivos sociais e temporais para a luta e mais energia. São os líderes - desorientados embora - do admirável novo mundo, que a classe política ainda não tomou consciência - perplexa - do nascimento.


Nota do Editor: Dr. Amadeu Garrido de Paula é advogado.

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