Aprendemos, quando da preparação para a primeira comunhão, que a confissão é um sacramento que envolve a remissão dos pecados perante um padre que atua em nome de Jesus Cristo. É neste momento que recebemos o perdão divino das faltas confessadas e de uma penitência pela oração que é a reparação de danos causados pelo pecado. Falando em escândalos e corrupção nós chegamos à indagação: Eles se confessam? Lembrei que no auge dos meus dez anos de idade, ajoelhado no confessionário da Igreja Cristo Redentor frente ao padre da época, Thadeu Gomes Canellas, dizendo que tinha brigado com meu irmão, que não tinha rezado antes de dormir e que tinha desobedecido minha mãe indo brincar em vez de fazer a lição. O padre então perguntava: estás arrependido? Sim! Então reze seis pais-nossos, cinco ave-marias, um creio em deus pai e um salve rainha e eu estava perdoado. Será que eles pedem perdão? Quem? Os que desviaram dinheiro para obras? Os que botaram o dinheiro limpo nas partes mundanas, ou melhor, na cueca? Os que fizeram conchavos com condenados pela justiça? Os que ajeitaram parentes no serviço público? Os que se aposentaram com oito anos de serviço? O que têm mordomo pago com dinheiro público e que ganha mais que um médico? Os que não estão nem aí para opinião pública? E se confessam, estão realmente arrependidos? Qual será a quantidade de orações para reparação dos danos causados pelos pecados? Pelo que eu sei as igrejas fecham à noite. Como bem disse em certa crônica a escritora Martha Medeiros, ”Sempre é mais producente pedir perdão para os diretamente atingidos (...). Pedir desculpas olho no olho pelas frustrações que causamos, por termos sido omissos, reconhecendo sinceramente nossos erros, sem intermediários”. Quais dos senhores se habilitam? A população brasileira espera sentada no confessionário! Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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