A indignação com tantos problemas de corrupção não é nova, está apenas ganhando voz. A cada dia conhecemos um novo escândalo. Qual é o problema no nosso País? Entra governo, sai governo e essas questões persistem. Na época do Jânio Quadros a palavra de ordem era varrer a corrupção; no período Collor a palavra de ordem era caça aos marajás. Será que somos um povo corrupto por natureza? De onde vem a origem deste mal que assola o país do Oiapoque ao Chui? Fui buscar a resposta na História, voltando à época da Proclamação da República. Naquele contexto, as ideias predominantes eram respeito à Liberdade, como pregava o pensador e político francês Benjamin Constan, em seu discurso no Athénée Royal em Paris, sobre os modelos de República. Para Constan, existia na ideia de República os que defendiam a Liberdade dos antigos e a Liberdade dos modernos. Os defensores da Liberdade dos antigos pregaram a participação do povo no governo, a soberania, as decisões importantes deliberadas pelos cidadãos em praça pública e tinham como inspiração os gregos antigos, em especial Atenas e Esparta, além de Roma antiga. Os que defendiam a Liberdade dos modernos, pregavam a liberdade do homem, o direito de ir e vir, a propriedade privada, o direito de opinião e a livre escolha de religião. A participação política se dava através de representação. A Revolução Americana de 1776, fez opção por uma República com base na Liberdade dos modernos. A Revolução Francesa de 1789, aboliu a monarquia e instalou uma Republica de: “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”. Inspirados na Terceira República Francesa (1870/1940) e nas ideias positivistas, o Brasil proclamou sua República em 1889. O período nasceu em meio a um caldeirão de debates e ideias do que seria uma República para um país de dimensões continentais, com uma população miscigenada, em sua maioria analfabetos, e uma sociedade com cultura escravocrata arraigada em suas entranhas. A República foi implantada através dos militares, tendo no primeiro governo Marechal Deodoro da Fonseca. Era a República Militar. Depois entramos no ciclo da política do “café com leite”, para representar a alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais com as idéias da República Sociocrática de Banjamin Constan Botelho de Magalhães e as da República Liberal de Quintino Bocaiúva. Ainda na primeira República, Alberto Sales (irmão do Presidente Campos Sales, 1898/1902), arrependido por ter apoiado a República, disse em 1901: “...este regime é corrupto e déspota”. Alberto Torres, governador do Rio de Janeiro (1897/1900), desencantado com o novo regime disse: “Este Estado não é uma nacionalidade; este país não é uma sociedade; esta gente não é um povo. Nossos homens não são cidadãos”. As dificuldades que os pais de nossa República tinham de implantá-la, quer ela tenha sido inspirada nos ideais de Liberdade dos antigos ou dos modernos, estavam relacionados ao público versus o privado, ao individual versus o coletivo. Os objetivos principais da República eram garantir a unidade política do país continental, a união na época das províncias e a ordem social. Não houve, no início, a preocupação com a formação de uma nação, a definição da cidadania. Acredita-se que as falhas na criação da República nos acompanham até hoje. Passaram-se várias gerações e os problemas de origem não foram corrigidos. Possivelmente, isso explique o motivo de tanta corrupção, que parece estar impregnada no DNA da República e das instituições por ela mantidas. Reformas são necessárias em quase todos os sistemas mantidos pelo Estado. Entende-se que as reformas são prioritárias e urgentes para diminuir o custo Brasil, aumentar a competitividade de nossa economia e melhorar a qualidade de vida de nosso povo. Algumas reformas prioritárias devem passar pelas áreas da Saúde, Educação, Segurança Pública e do Judiciário. Isso sem falar na necessidade de reforma tributária e da previdência social. O Brasil conta com 39 ministérios no Governo Dilma para quê? Acomodar interesses políticos? Empregar apadrinhados? Quem está pensando o Brasil do Futuro? Precisamos de um plano de nação que a maioria dos países conseguiram quando adotaram o regime Republicano e a Democracia. Não temos um plano de nação. Temos um plano do partido A, B ou D, que pensam sempre no curto prazo e nas próximas eleições. A estrutura da República deve ser melhorada para coibir e punir a corrupção. A República precisa de um novo pacto social, onde tenha prioridade o indivíduo, a família, a comunidade. Será que coletivamente pensamos como Alberto Torres? Seja como for, não podemos mais empurrar os problemas com a barriga e deixar a solução para as próximas gerações. O tecido social está sendo degradado com tanta corrupção, violência e mau uso dos recursos públicos. Nota do Editor: Cláudio Gonçalves dos Santos é economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.
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