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04/07/2013 - 06h32
Carta aberta ao governador Geraldo Alckmin
Manoel Lopes Pereira
 

Senhor governador, sou Manoel Lopes Pereira, morador da Rua Coronel Manoel Bento, 388 – Centro – São Luiz do Paraitinga, o senhor não me conhece, sou apenas um número de título de eleitor entre tantos que votou no senhor, pois acreditava e ainda acredito ter sido o melhor para o nosso Estado.

Se essa escrita chegar até as suas mãos e o senhor ler a minha história, não pense que é única, existem muitas iguais a minha ou talvez pior.

Por volta de 1963 nosso pai comprou uma propriedade no município de São Luiz do Paraitinga, encostado na Serra do Mar, entre São Luiz e Natividade da Serra, pai de 12 filhos... Meu pai, eu e meus irmãos trabalhamos duro embaixo de chuva e sol, levamos trinta anos para pagar essa propriedade, que além do dinheiro nos levou nosso pai, nossa juventude e nossos sonhos.

No ano de 1997 fomos surpreendidos pela Polícia Ambiental que afirmou que nossa propriedade era parte integrante do “Parque Estadual da Serra do Mar”, prendeu nossos funcionários e suas ferramentas, os quais estavam só fazendo a limpeza de pasto, a mesma que faziam há 30 anos, pois matuto ou caipira, como queira chamar, não desrespeita a natureza, nem os leitos dos rios, meus irmãos e eu aprendemos com meu pai que não se desmata “mata virgem e nem margem de rios”, pois é de lá que se tira a sobrevivência. Até aquele momento, nós não sabíamos que nossa propriedade estava dentro do tal “Parque”, nunca fomos notificados, nem pela Justiça e nem pelo Estado e também o tal “Parque” nunca havia sido oficialmente demarcado. Diferente do Estado que sempre soube de nossa existência, pois todo ano nos enviavam os impostos devidos, os quais sempre foram pagos.

Com muita economia contratamos um advogado para nos defender e o “Juiz” nos disse juntamente com o “Promotor Público” (que até o momento eu achava ser a pessoa que deveria defendermos como representante do povo) que nós tínhamos perdido o direito de reclamar que a ação era vintenária para entrar com o pedido de indenização e que perdemos o prazo de solicitar tal indenização.

Agora me diga senhor, governador, um matuto que trabalha de sol a sol... compra e paga suas terras com todo o sacrifício de um homem de bem, que mal sabe assinar seu nome... iria saber que um dia o “Estado” diria que sua propriedade não pertence mais a ele, ou que pertence mas que ele não pode mais fazer o que ele fazia por 30 anos, não pode roçar, não pode construir, não pode plantar, não pode colocar energia elétrica e muitas outras restrições, coisas normais que um proprietário faz com suas terras e que a partir daquele momento, tudo que fosse realizar nessa propriedade deveria ser solicitado a permissão do “Estado”.

A meu ver senhor governador, nosso país inverte muitos valores, quando vemos na televisão o movimento dos “sem terra” e o apoio que recebem (nada tenho contra os amigos do movimento sem terra), mas fico pesando e nós que trabalhamos e pagamos nossas terras não temos nem um terço dessa atenção dedicada a esse movimento... Seu governador, o que temos que fazer para ser visto pelo senhor e pelo país?

Eu me sinto roubado, mas não por um miserável infeliz que rouba para sobreviver ou porque não teve uma educação, mesmo que fosse de um caipira como o meu pai para lhe ensinar que não se deve pegar o que não lhe pertence.

Mais grave que um roubo comum é o que o “Estado” está fazendo conosco proprietários de terras no perímetro do Parque Estadual Serra do Mar, mas com uma diferença aos poucos, devagar minando nosso direito, fazendo que desistimos daquilo que pagamos e possuímos com todo sacrifício, como faz qualquer cidadão brasileiro de bem... não roubamos de ninguém... queremos que o “Estado” pague por nossa terra o preço justo ou nos devolva para que possamos utilizá-las como qualquer cidadão que tem um sítio ou uma chácara, o direito de plantar, construir e criar seus animais.

Queremos sim que o meio ambiente seja respeitado, mas não acima de nós seres humanos, pois isso que está ocorrendo é mais uma inversão de valores de nossa justiça, onde nós pequenos proprietários de terras temos que doar muitas vezes o único bem que possuímos, para despoluir o que as grandes fábricas poluem como por exemplo a “Coca-cola” com milhares de garrafas todos os dias, como a Petrobras que despeja milhares de litros de combustível no mar, como as indústrias de carros que contribuem para a poluição do nosso planeta todos os dias. O senhor acha isso justo?

Governador Geraldo, se o senhor conhece a realidade dos pequenos proprietários de terras na Serra do Mar e solicitou que fosse resolvido, isso não ocorreu. Estamos muitos de nós passando talvez pior que os sem terra, pois temos, mas não podemos usufruir e necessitamos de ajuda, pois não temos advogados com nomes consagrados para recebermos milhões de indenização do Estado, como sabemos que ocorre quando se tem dinheiro, nós estamos nos sentindo órfãos da Justiça e do Estado. Quando é que iremos receber por nossos direitos, sendo que muitos de nós, como eu já estão com idade avançada, iremos morrer sem receber? Ou até mesmo quem sabe os nossos filhos não receberão?

Por favor, governador Geraldo Alckmin, o senhor é nossa única esperança da realização de uma “política de indenização” dos proprietários de terra na Serra do Mar, pois sabemos que se quiser, será nosso defensor nessa injustiça que não foi criada pelo senhor... mas foi herdada.

Sabemos que poucos proprietários receberam muito dinheiro com indenizações milionárias do Estado por terras no mesmo parque da Serra do Mar e hoje quem está pagando a conta dessas indenizações milionárias somos nós, os mais pobres e pequenos que estamos sendo forçados aos poucos a doar nossas terras em prol da humanidade e do meio ambiente sem receber nada por isso. Senhor governador, nos ajude e não transforme um homem de bem em um contraventor por não acreditar em nada e em ninguém.

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