Com humor e inteligência o escritor Luis Fernando Veríssimo criou o personagem Analista de Bagé, figura do homem do interior gaúcho que pela rudez e franqueza vai decifrando a psique humana de bombacha e pé no chão no divã forrado com pelego. É neste cenário que viajo plagiando o escritor. Apocrifamente vamos buscar ajuda deste psicoterapeuta da fronteira para tentar entender esta figura ímpar do legislativo nacional que nos últimos dias é presença constante na mídia e em manifestações. - Buenas vá entrando e se abanque vivente. - O senhor quer que eu deite logo no divã? - Bom, se o deputado quiser dançar o pesinho, antes, esteja a gosto. Mas prefiro ver a criatura estendido e charlando que nem china na zona, pra não perder tempo nem dinheiro. - Dinheiro não é problema... Eu... deixa pra lá! - Aceita um mate? - Não gosto é amargo prefiro com açúcar. Obrigado. - Pos desembucha. - Certo. Bem. O meu problema é a cura gay. - A La pucha outro... - Outro? Me respeite doutor eu sou deputado, pastor e muito bem casado. - Tchê isso não é doença é opção sexual. - E o senhor acha... - Eu acho uma pôca vergonha tu como deputado se fresquiando com esta porcaria. - Mas... - Vai te preocupar com a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência, o crack tomando conta das comunidades, o trabalho infantil, o trabalho escravo ainda existente no país, a situação das crianças em vulnerabilidade social que vivem nas sinaleiras pedindo. Se não tiver o que fazer te metê na zona e deixa essa turma em paz, tchê! Tenho a convicção que esta crônica não é lá grande coisa, ou melhor, uma bobagem, pra falar bem a verdade. Mas enquanto você leu talvez tenha até achado graça, mas o objetivo maior foi fazer você pensar. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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