A lama é ótima metáfora para o povo. É, o povo, como a terra fertilizada pela água, é dele que tudo brota, todas as riquezas. Desde a agricultura, que tem pago as contas do Brasil, até o ouro que a indústria gera. Também é ótima metáfora porque a lama é uma massa disforme e desprovida de esqueleto. É como o povo anônimo. E também pela inconsciência de si. O povo não sabe a energia que carrega e o poder de que dispõe. A lama nas ruas é o povo, sempre em movimento. O problema é que algum oleiro maldito quis dar força à lama da rua, pondo-lhe vontades alienígenas e um telos que não lhe é próprio. Teleguiaram a massa, mas ela não obedeceu à direção pretendida. O que queriam os manipuladores é desacreditar os governos do PSDB e transformar o ex-presidente Lula num salvador da pátria. A lama nas ruas virou-se contra os feiticeiros. A lama virou pedra. E se atirou contra os governantes, especialmente contra Dilma Rousseff. Um fenômeno espetacular: a queda de popularidade dos governantes, rápida e certeira. Como a pedra assassina de Davi. Pedra dura. Os aprendizes de feiticeiro agora não sabem o que fazer com a lama feita pedra. Qual o passo seguinte? Não sei, ninguém sabe. A lógica de quem disparou as energias da lama nas ruas leva a um inevitável golpe de Estado. Mas, pelo jeito, não se prepararam para isso. Não há como fazer isso. Agora a lama revoltada ocupa o lugar da ordem nas ruas. Um grande perigo. A lama virou pedra. Se houver incêndio vai vitrificar. Ficará dura demais. Mais que pedra. Ótima munição para furar a cabeça dos governantes estúpidos. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da ANL - Associação Nacional de Livrarias.
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