Considerada por muitos ambientalistas uma fonte poluidora, a energia à base carvão não deve ser vista apenas como algo prejudicial ao país. Embora muitos rejeitem essa realidade, as termelétricas podem ser a solução para a redução do nível dos reservatórios de nossas hidrelétricas e para a ausência de fontes mais sustentáveis, como o vento e a luz solar.

Obviamente, projetos para a utilização de energia eólica ou solar são mais indicados se o assunto for o meio ambiente. Entretanto, num momento em que temos excesso de consumo e muitos problemas na distribuição de energia, a diversificação de fontes se faz indispensável, uma vez que não existe garantia de vento e sol o tempo todo. E é aqui que surgem as principais vantagens do carvão: pode ser estocado e guardado, o que garante o abastecimento mesmo em situações mais imprevisíveis e sujeitas às intempéries do tempo.

Mesmo numa época em que a energia eólica está no foco da maioria das empresas, o país deve dividir a atenção com as termelétricas, porque elas são a possibilidade de uma geração previsível que conseguem equilibrar os reservatórios, cada vez menores, do sistema hidrelétrico nacional. Um bom exemplo disso são os subsídios oferecidos pelo governo do Rio Grande do Sul aos projetos de construção de usinas à base de carvão das empresas MPX e Copelmi – claro que, para receber os benefícios, as concorrentes devem vencer o leilão a ser realizado no mês de agosto.

O que deve ser entendido é que, mesmo quando a opinião da maioria tende a ser contra esses investimentos - única e exclusivamente por serem menos benéficos à natureza -, sempre há um contraponto. Claro que as preocupações ambientais devem existir o tempo todo e ninguém pode ser contra isso, no entanto a falta de energia elétrica em nossos lares é uma questão importantíssima.

Certamente, há meios de incentivar a produção de energia a carvão para suprir as deficiências do setor e, mesmo assim, não provocar tantos danos ao meio ambiente. Cabe às empresas e ao governo a procura por uma solução.

Nota do Editor: Mikio Kawai Jr. é economista pela FEA-USP (1995), mestre em economia pela Unicamp (1999 - dissertação sobre gestão de riscos) e Advanced Executive Management pela IESE Business School (Espanha 2011). Iniciou a carreira no mercado financeiro em bancos de investimentos, tanto nacional como estrangeiro, migrou para o mercado de energia na sua genese, em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia ate 2004, atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil, gerente de operações na Openlink (Nova York e SP). Desde 2008 ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira, companhia que atua na comercialização de energia, além de consultoria e prestação de serviços em representação de entidades no âmbito da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).