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Opinião
15/07/2013 - 11h02
Os caquinhos duma ânfora velha
Dartagnan da Silva Zanela
 

1. Brasileiro ama de opinar. Sobre o que? Qualquer coisa. Pouco importa a pauta que esteja à mesa de despacho para o nada na repartição do boteco da esquina. O importante é que se tenha algo a dizer, mesmo que este algo nada diga em suas linhas ou entre elas. E não há perigo de parecermos bocós não. Posar-se-ia de bocó se numa destas rodas sapientes, de alto ou baixo grau etílico, se tiver a ousadia de falar de algo com propriedade. Aí sim fica-se com cara de taxo, porque o saber causa espanto nas tribos nativas. Se isso ocorrer, cuidado! Você poderá ser consumido pelos antropofágicos olhares que tudo devoram por medo de serem desnudados em seu despudorado desamor ao conhecer.

2. Independente dos protestos multicolores e rubros que estão a florir pelas ruas e vielas de nosso país, a tragédia brasileira é inevitável. Todos sabem disso. A grande dúvida está quanto ao seu desfecho. Uns acreditam que ela terminará com todo mundo entediado, desiludido, com o amargor da decepção na boca, outros afirmam que tudo acabará em um grande banho de sangue a lavar nossas faltas individuais e coletivas. Dum jeito ou doutro, o que temos é uma tragédia onde a vilania reina do primeiro ao último ato sem descansar. Quanto aos heróis, infelizmente não passam de personagens que correm de lá para cá, perdidos dentro de suas roupas, sem saber o que ocorre em seu entorno que tanto os perturba. Desta ou doutra maneira, o protagonista será a turba ululante. Ou seja: trágico barbaridade.

3. Quando o livro “História do mundo para crianças” de Monteiro Lobado estava para ser publicado em Portugal, o então governo da Lusa enviou um telegrama censurando o referido livro por narrar fatos que eram considerados impróprios. Nesta ocasião, Lobato, em meio a inúmeras considerações sarcásticas, lembrou que: “ou a história é história e conta o que houve, ou ajeita os fatos conforme o convêm aos interesses dum grupo e passa a ser propaganda”. Ora, raios! É isso o que ocorre hoje na terra de Vera Cruz. O ensino de história reduziu-se deploravelmente a categoria de ministério de propaganda marxista com seus “comissários da verdade”. E ai de quem destoa o tom rubro reinante ou ouse quebrar com a vermelhidão oficial. Esse infeliz sentirá o peso democrático da batuta revolucionária.

4. Somente almas decadentes deixam-se seduzir por paixões ideológicas e rebeliões desprovidas de propósito. E, diga-se de passagem, não há nada mais decadente no mundo do que as gerações, maduras ou tenras, que caminham sem rumo pelas ruas com suas palavras de ordem simiescas repetidas como um mantra mundano que evoca o espírito suíno que as anima. Refiro-me ao povo brasileiro? De modo algum. Penso apenas naqueles que se mijam só de ver uma imagem do Che, que deliram ao ver uma frase de Marx, ou de qualquer figurinha de sua matilha. Estes sim são decadentes, moral e espiritualmente, de cabo a rabo e querem, a qualquer custo, arrastar toda a nação para seu brejo ideológico.

5. Nada da tradição marxista é aproveitável? Não necessariamente. Há o que aprender, desde que, estudemo-la cientes do que seus sectários se propõem a realizar: a subversão de tudo para conquista definitiva do poder. É isso o que temos nas linhas e entrelinhas de qualquer obra marxista. Se não levarmos isso em consideração, inevitavelmente, nossa capacidade cognitiva será devorada pelas intenções indisfarçadas das rubras palavras. Mesmo cônscio disso corre-se esse risco, agora, imagine o que ocorre com os miolos daqueles que apenas macaqueiam as palavras de ordem inspiradas nesta ideologia macabra. Na verdade, a gente ri pra não chorar.

6. Muitos canhotinhos e bons-mocinhos têm todo um código moral próprio para julgar os atos alheios e um, todo especial, para apaziguar os seus (e dos seus pares), mimando-se, vendo-se como os querubins mais rechonchudos da face da terra. Ora, não há nada mais avesso a misericórdia, nada mais imoral, que esse joguinho cênico apresentado para dar ares duma superioridade postiça no intento pífio de disfarçar a patifaria miúda que perpassa suas vidas fazendo do dia a dia destes uma grande dissimulação, do princípio ao fim.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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