A indústria nacional está vivendo um momento crítico. As encomendas de produtos – principalmente máquinas – vêm caindo e os investimentos estrangeiros fogem, a ponto de empresas serem obrigadas a fechar linhas de produção e desistir de projetos de ampliação do parque. O intrincado processo econômico passa pelas cotações de moedas e mercadorias, queda do índice de credibilidade do Brasil nas agências especializadas, volta da inflação e outros problemas, que provocam o desaquecimento da atividade e logo poderão se traduzir em desemprego e outros males típicos da recessão. A política de indução ao consumo, implementada pelo Brasil a partir de setembro de 2008, quando a crise e o desequilíbrio varreram a economia dos EUA, Ásia e Europa, pode ter sido uma salvação momentânea mas, não pode ser perene. Hoje, a maioria dos brasileiros está endividada porque, com o atrativo da desoneração fiscal, comprou carros, eletrodomésticos e móveis que não necessitava. A indústria de bens ganhou fôlego mas agora nem isso é suficiente para conter o aperto. Já não existem tantos brasileiros em condições de comprar, mesmo a crédito, e a bolha pode explodir, se não for correta e rapidamente administrada. O governo, acossado pelas manifestações populares e de olho grande nas próximas eleições, ocupa-se na produção de uma reforma política. Apesar dos números desfavoráveis da área econômica, o discurso oficial é a perfeita obra de marketing de um país que vai às mil maravilhas. Ao ouvir os discursos, temos a impressão de que a presidenta, os ministros e autoridades falam de outro país, que não conhecemos. É preciso que todos desçam do salto alto e se disponham a enfrentar a realidade com humildade, racionalidade, sinceridade e eficiência. Dilma, o ministro Mantega e outros dirigentes das áreas econômicas e produtivas do governo prestariam um grande serviço ao Brasil se, em vez de fórmulas de gabinete, procurassem levantar os problemas e as propostas de solução dos órgãos representativos da Indústria, Comércio, Agricultura, Mercado Financeiro e outras áreas nevrálgicas da economia nacional. São eles que, bem ou mal, construíram e operam o parque econômico. Conhecendo seus problemas, o governo terá melhores condições de adotar medidas e políticas que possam atendê-los e, com isso, evitar o colapso. De nada adiantará reformas política, social e outras, se a economia naufragar. Se a produção econômica continuar caindo e a inflação mantiver viés de alta, o país perderá a estabilidade e todo o esforço decorrente do Plano Real se transformará em pó. O momento é grave e exige a ação de estadistas; não de políticos e muito menos de politiqueiros... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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