Abrimos os olhos ao mesmo tempo. Acho que foi a claridade que entrou no quarto pelo banheiro. - Bom dia. - Bom dia – Eu disse. - Onde você encontrou esse baby-doll? - Foi você que me deu ontem à noite. - Eu? - Quando chegamos da janta? - Que janta? - A janta que o Alves ofereceu. - Que Alves? - Não te faz de bobo, o Henrique. Tentei fazer uma reconstituição da noite anterior. Eu tinha saído com a intenção de tomar um vinho com os amigos já que a minha mulher está viajando, mas a última coisa que eu lembro foi quando o deputado botou a mão no meu ombro e disse: Agora é nóis na fita! - Onde era mesmo? - Deixa pra lá! Eu tenho a leve lembrança que tomei muito champanhe francês e que em nenhum momento fiquei longe da garrafa. - Como é teu nome? - Rose, assessora política. - Aquela janta não deve ter saído barato? - Só vinte e oito mil, seu bobinho. - Loucura, vinte e oito mil por aquele rango miserável que foi pago pelo contribuinte. - E o contribuinte? - Eles nem se dão conta estão preocupados com a Copa do Mundo e o Papa. - Nós fizemos alguma coisa quando chegamos? - Não! Só dormimos de conchinha. - De conchinha? - Quem sabe para nós nos conhecermos melhor tomarmos um banho juntinho? - Juntinho? Nem pensar, você perdeu a chance baby, agora só nas próximas eleições. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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