Dando continuidade à minha crônica de ontem, uma das pesquisadoras da Universidade do Canadá, Geneviéve Chénard, se disse surpresa, pois não imaginava a quantidade de acusações que encontrou e as discrepâncias entre o que o mundo falava sobre a Madre Teresa e os documentos encontrados. Madre Teresa era considerada uma santa pela opinião pública e sua reputação bastava. O Vaticano passou a capitalizar sobre a sua imagem e a fortuna angariada pelas Missionárias da Caridade é imensurável. Para as irmãs que cuidavam das finanças, receber era mais sagrado do que dar e diziam que nem a contabilidade era feita, pois tudo era encaminhado a Roma sem a preocupação de saber o valor. Madre Teresa tinha uma posição extremamente dura contra o divórcio e quando a Irlanda fez um referendo popular sobre o assunto, ela foi até lá fazer veementes apelos para que a população votasse contra. Por outro lado, quando sua patrocinadora e amiga, princesa Diana, se separou, ela declarou que era melhor assim, pois a princesa não era feliz no seu casamento. Quando a fábrica da Union Carbide explodiu em Bhopal, na Índia, matando milhares de pessoas, ela saiu pelo país dizendo para que o povo perdoasse a multinacional ao invés de pedirem indenizações. Tudo bem que o perdão deve ser exercitado, mas uma pobre mãe que apanha do marido e tem suas filhas abusadas, não pode ter o perdão divino caso se divorcie. Quanto a receber dinheiro de bandidos e corruptos, um caso famoso foi o de Charles Keatings, um religioso do Lincoln Savings and Loan, da Califórnia (EUA), que foi condenado pelo roubo de mais de US$ 250 milhões de fundos de aposentadoria de gente humilde. Este bandido dava milhões a Madre Teresa e emprestava seu avião particular com frequência. Em troca, aparecia ao lado da Madre e contava com seu apoio. Quando o promotor Paul Turley lhe mandou uma carta explicando que o dinheiro que ela tinha recebido era produto de roubo, que significavam todas as economias da vida de gente humilde e perguntou-lhe o que Jesus faria se recebesse um dinheiro como esse, não teve resposta. O estudo mostrou que o altruísmo e a generosidade atribuídos a Madre Teresa não passaram de um mito e sua imagem de santa foi devido a uma forte campanha publicitária. Também mostrou que a sua capacidade de angariar fundos era enorme, não importando a origem do dinheiro. Apesar desta grande quantidade de evidências sobre sua verdadeira índole, a imagem que dela ficou é muito positiva e talvez inspire outras pessoas a ser como elas pensam que foi Madre Teresa de Calcutá. Nota do Editor: Célio Pezza (www.celiopezza.com) é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço.
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