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Opinião
31/07/2013 - 07h06
A má formação gera indivíduos depressivos
Esther Cristina Pereira
 

Alguns meses atrás, conversando com uma amiga, discutíamos a questão da doença tão conhecida e fácil diagnosticada, a depressão. Na discussão vinham e iam as predisposições, os comportamentos, o social, as fraquezas e outras nuances que ajudam a tentar entender o porquê de tantas pessoas tomando tarja preta hoje em dia.

Em uma das colocações, esta minha amiga disse: “Se você colocar uma roupa preta, disser ao médico que tem chorado muito e que não tem mais vontade para nada, o médico certamente lhe dará um antidepressivo, sem ao menos ouvir as suas considerações, pois para este profissional tempo é dinheiro. Também lhe dará um atestado de quinze dias, mesmo que você não ache necessário, pois como paciente não tem voz ativa. Ele que sabe de tudo e o médico fará você se afastar para relaxar”. Com estas considerações, comecei a refletir sobre alguns pontos que fazem sentido.

Quinze dias afastado do trabalho me darão a sensação de abandono profundo. Quinze dias sem motivo plausível para sair de dentro de casa. Quinze dias que não me possibilitarão nenhuma chance de ver o quanto sou importante para o mundo lá fora, para as pessoas que me rodeiam.

Na indicação médica não estão anexados exercícios físicos, alimentação adequada, terapia para respirar com qualidade, para que o cérebro possa pensar melhor, para que eu possa avaliar melhor o meu estado. Os médicos não são formados para ler problemas nas entrelinhas, a formação os orienta para atender seus pacientes da mesma maneira que o curso de pedagogia tem orientado os professores para atender inclusões.

Uma enxurrada de teorias, no mínimo antiquadas, pois são de dezenas de anos atrás. Trata-se de um caminhão de teses ultrapassadas que quase não se usam mais hoje em dia, pois o mundo é outro e os seres humanos reagem de forma diferente, mas infelizmente a questão medicamentosa tem a ver com financeiro, tem a ver com fábricas de medicamentos ganhando muito dinheiro.

Vivemos hoje a era da informação absoluta, a internet gerou indivíduos sociais cibernéticos que não sabem viver em sociedade e quando são jogados nela de corpo e alma, no início da vida profissional, necessitam viver as regras da sociedade e não conseguem fazê-lo. Nunca foram contrariados, nunca ouviram a palavra não. Aliás, o não parece ser proibido dentro das casas.

É triste ver a vida real. Entristeço-me quando sou contrariado, quando vejo o mundo real, e o médico caracteriza meu ponto de vista como depressão, caracteriza minha dificuldade para com o social como uma doença, caracteriza minha dificuldade em seguir regras e padrões de condutas sociais como elementos de depressão.

Será que estamos com tantos educadores afastados por depressão pela falta de competência dos médicos de avaliar com qualidade? É preciso falar de mudança de estilo de vida, não somente medicar, mas sim auxiliar este ser humano em dificuldade para seguir a vida sem tarja preta. Acredito que devemos repensar a questão medicamentosa, pensando na melhora da saúde e não no aumento da doença. Temos que pensar na formação dos médicos na percepção humana, fazendo com que vejam seus pacientes como seres humanos que precisam ser ouvidos, olhados, enxergados, sentidos, como alguém que precisa, sim, de uma postura diferente e não apenas de remédio tarja preta. É necessário um repensar do que realmente é importante e tem valor.


Nota do Editor: Esther Cristina Pereira – diretora da Escola Atuação, de Curitiba (PR).

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