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Opinião
08/03/2005 - 17h22
Por que literatura?
Rui Alves Grilo
 

Acredito que nem Machado de Assis nem Lima Barreto escreveram seus livros para serem matéria de vestibular. Então por que estudar / produzir / saborear Literatura?

Antigamente a escolaridade era uma garantia de ascensão social e de empregabilidade. Hoje há muitas pessoas formadas que estão desempregadas. Vendo isso, muitos jovens questionam: por que estudar se não há a garantia de emprego? Às vezes é mais fácil arrumar empregos sem qualificação (como faxineira, ajudante geral...). No entanto, a pessoa sem escolaridade tem um futuro mais fechado, com menores possibilidades de escolha.

O grande papel da escola é abrir um leque de possibilidades, é ajudar o jovem se descobrir e descobrir o mundo, criar o sonho, a utopia... Marx afirmou que a leitura das obras de Balzac foram fundamentais para a sua análise da burguesia e das relações sociais.

Por o jovem em contacto com a literatura lhe possibilita uma melhor compreensão de si próprio, do outro e do mundo. A escolha é escolha, quando há a compreensão da situação, das possibilidades, das causas e das conseqüências. Através da literatura podemos escolher os modelos que queremos e não queremos ser; analisamos as atitudes e as conseqüências. Através da literatura podemos nos colocar no lugar do outro, em outros espaços e em outros tempos. Isso nos permite pensar no agora ou fugir dele.

A juventude é o momento da afirmação da própria identidade. Momento doloroso de cortar laços, de afirmar a própria autonomia e não aceitar a imposição. É a idade da contestação, de sair do casulo da família para enfrentar/conquistar um mundo mais amplo, quase sempre difícil e hostil.

Além desse caráter formativo da literatura, ela também pode ter um caráter lúdico, prazeroso tanto na leitura quanto na escrita, com os seus desafios de interpretação e de busca de uma forma mais adequada e mais bela porque "a gente não quer só comida, a gente quer a vida, diversão e arte. A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade." (Titãs).

Então, por que ler Machado de Assis? Ou Graciliano Ramos?

Porque não dá para ler tudo e cada um dos autores indicados no vestibular reflete diferentes perspectivas e maneiras de ver o mundo em determinadas épocas. Ajudam-nos a compreender outros espaços e outros tempos e a própria evolução do conhecimento e da humanidade.

No entanto, não podemos ficar presos apenas a esses autores. Muitos deles não foram valorizados em sua época, sendo até combatidos e censurados. Ao professor cabe interpretar os anseios e perspectivas dos alunos e introduzir aqueles que mais contribuem para compreendermos a situação, as necessidades e anseios atuais. Em que medida os autores consagrados nos ajudam a compreender o nosso passado e os desafios do presente? É essa mediação que cabe ao professor.


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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