- Seu nome? - Cacilda. - Enfermeira Arlete. Está se sentindo bem? - Tô, tô bem, graças a Deus... - Veio em jejum de 12h? - De 12h. Só comi um pãozinho lá pelas 7... - Quem pediu o exame? - Taí no pedido. Dra. Beatriz... - Hum... Reumatologista. - Isso. - A senhora tá fazendo o exame por quê? - Umas dores. - Onde? - Ih, pra todo lado, acho até que já sei o que é... - O quê? - Essa doença da moda. Fibromialgia... - Nada, dona Cacilda. Pode ser coisa simples... - Tomara! Essa tal Fibromialgia aí, não tem cura... - Mas tem tratamento. Tomou algum remédio, hoje? - Tomei. Eu tomo um montão, né? - Fala pra mim. Preciso anotar... - Aqui o papelzinho... Tudo escrito aí. - Muito bem, dona Cacilda! A senhora é cuidadosa... - Né isso não, os nomes é que são estrolofobéticos... - Estrolofobéticos? Êh, dona Cacilda... - Não é? Quem dá conta de decorar tanto trem esquisito? - Já fez exame de sangue, né, dona Cacilda? - Com a idade que tô? Trezentas mil vezes! - Óóótimo! Então já sabe que não dói nada... - Melhor se não precisasse fazer, né? - Mas, precisa. Então... Qual é a veia boa? - Todas. - A que pega melhor, dona Cacilda... - A do braço esquerdo... - Só uma picadinha, viu? Uma formiguinha... - Tá bom... - O garrote tá muito apertado? - Tá bom. - A senhora fique calma... - Tá bom. - Feche a mão... Isso, com calma... - Tá bom. - Só um instantinho... Caaalma... - Aiiiiiiii! Peraí, dona Arlete! - Ué, que aiiiiiiii é esse? Pra quê isso? Nem finquei a agulha! - Nem vai fincar! Demorou tanto pra me acalmar, que perdi a coragem! - Volta aqui, dona Cacilda!!!
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