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Opinião
29/08/2013 - 17h07
O (fim do) contrabando e o Mercosul
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

As oscilações na cotação do dólar vêm provocando transformações e revelando situações antes pouco imaginadas. O Paraguai, paraíso das compras (e do contrabando para o Brasil) deixa a condição de vendedor e se transforma em comprador. Sua moeda, o guarani, sofreu menos corrosão cambial nos últimos tempos e isso leva os paraguaios a comprarem mercadorias para consumo agora no Brasil e na Argentina, onde o real e o peso tiveram sensíveis desvalorizações. Assim, não é difícil hoje encontrar nas estradas brasileiras os sacoleiros que vem até a São Paulo para as compras e falam espanhol ou guarani. E as lojas da paraguaia Ciudad del Este, terceira maior zona franca do mundo, só superada por Miami e Hong Kong, registram sensível baixa na presença de compradores brasileiros e argentinos.

A maior parte das compras dos paraguaios no Brasil ocorre na fronteiriça Foz do Iguaçu, onde nossos vizinhos adquirem móveis, eletrodomésticos e outros bens para a casa. Os moradores de Assunção, capital paraguaia, recorrem à argentina Clorinda, distante apenas 20 quilômetros, para comprar produtos de limpeza, doces, vinhos, lubrificantes, gasolina e outros. Uma das estrelas desse comércio “formiguinha” é o botijão de gás que, subsidiado na Argentina, é vendido aos paraguaios pelo equivalente a R$ 8,50. No Paraguai, custa cinco vezes esse preço, assim como no Brasil, onde os revendedores cobram R$ 45,00 ou mais.

Comprar na fronteira ou em viagens ao exterior é hábito dos brasileiros, para fugir ao protecionismo e às altas taxas alfandegárias. Inicialmente eram bebidas, tabaco, relógios, máquinas fotográficas e algumas quinquilharias. Mas, com o avanço tecnológico e, principalmente, as facilidades da fronteira paraguaia, passaram a entrar eletroeletrônicos, materiais de precisão e uma centena, talvez milhares de produtos supertaxados quando vindos por via legal. E, nesse caso, o mais inusitado é que o vizinho país se utiliza dos portos e estradas brasileiras para receber e transportar as mercadorias vindas da China, Taiwan, Malásia e outras origens, colocando-a à venda na fronteira para os brasileiros que as vão comprar no contrabando ou descaminho. Situação, no mínimo, incômoda.

O ministro Guido Mantega diz que temos diversas “pequenas crises”. Não deve se esquecer que a soma de todas elas pode resultar no desenho de uma grande crise, um cada vez mais real “tsunami econômico”. Mas toda crise, parte lógica de qualquer sistema econômico, se bem administrada, pode nos levar à solução. No caso do contrabando paraguaio, nada melhor do que aproveitar esse momento de baixa, em que o novo governo do vizinho país promete modernização, e que os outros dois parceiros da tríplice fronteira (Brasil e Argentina), enfrentam manifestações populares por mudanças, para buscar novas fórmulas de convivência econômica e ética. Em vez do Paraguai disponibilizar produtos destinados à pratica do contrabando no Brasil e Argentina, poderiam os três estabelecerem um mercado único, integrado, desonerado e, até, com moeda comum, portanto, sem câmbio. Com isso, regulariam os negócios e poderiam destinar toda a infraestrutura fiscalizadora hoje empregada no combate ao contrabando para coibir ao tráfico de droga e armas. Com isso, ainda dariam vida efetiva ao Mercosul que, por enquanto, não passa de uma carta de boas intenções que nenhum dos países-membros teve disposição e a confiança necessárias para cumprir.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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