A irritação da presidente Dilma Roussef, a ponto de lembrar suas agruras no Doi-Codi com a situação incomparável da prolongada e sofrida do senador Roger Pinto Molina no interior da embaixada brasileira na Bolívia, deve-se a óbvia perda de prestígio e perda de pontos eleitorais. A decisão seria dela, porém foi leniente em suas tratativas com o esperto Evo Morales, a ponto de a diplomacia brasileira assumir as rédeas do impasse, deixando-a numa posição secundária. Some-se a isso as imposições bolivianas em suas relações com o Brasil, resultantes do equívoco de o governo lulo-petista guiar suas movimentações internacionais por minúsculos interesses partidários. Contem-se dois incidentes anteriores, em que ficamos de joelhos à nação da coca. O primeiro deles foi quando da invasão militar e da nacionalização de uma refinaria da Petrobras, há sete anos. Lula aceitou o agravo ao patrimônio nacional, em nome da pobreza dos irmãos, como se pudéssemos admitir que pobres tomassem nossas casas, cheios de direitos. O segundo submeteu Celso Amorim a um constrangimento inaceitável, com a invasão do avião onde se encontrava por soldados bolivianos, na captura do senador oposicionista Medina. Também dessa vez não reagimos com a grandeza que se esperava de nossa diplomacia e de nossas posições de governo soberano e digno no plano internacional. Os brasileiros têm pouco que justifiquem orgulho, mas uma das mais acalentadas e celebradas posições nacionais correspondeu à altivez de nossa tradicional diplomacia, desde os tempos de Nabuco, Rui Barbosa e outros. Hoje nos ajoelhamos em face de uma republiqueta cocanera e das bravatas de seu presidente canhestro. O povo é ciente e consciente dessa debilidade que nos envergonha e a presidente Dilma, com certeza, procurará dar alguma resposta no campo das relações internacionais, porquanto a tibieza e os equívocos grotescos deste governo refletirá inevitavelmente nas urnas. Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado.
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