“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte se distancia dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.” - Eduardo Galeano No ano que passou um sem número de textos discorrendo sobre esse assunto se espalhou por aí. Muitos quiseram deixar sua opinião registrada por escrito e li vários. Me diverti com uns, me irritei com alguns, refleti com outros e torci o nariz para uns tantos, sem contar que vi na TV uma entrevista (fiquei pasma!) com um “especialista” em “Fim do Mundo”! Bom, como todos podem ver “esse” mundo não acabou, graças, mas o mundo acabou sim, pois as transformações são tão grandes, tão definitivas, tão assustadoras que não se pode dizer que “ESSE” mundo é o mesmo bem antes da data que se acabaria... De certeza, há um mundo que muitos de nós queremos preservar, um mundo solidário com pessoas que reconhecem suas diferenças, que respeitam a singularidade de todos e de cada um, procuram preservar a natureza, conduzem suas vidas com coerência e honestidade, dão valor aos bens culturais produzidos pela humanidade, amam o belo e o bom e querem que a justiça sobreviva, sempre. Sei também que “esse” mundo está impregnado na alma e no coração de quem nele acredita, mas é utopia, dirão muitos e nada nos impede que continuemos lutando por ele. O mundo simples, sem tanta complexidade e sem tantas competições, o mundo do “fio de bigode”, da palavra empenhada, do respeito aos mais velhos, o mundo em que se dava mais valor ao Ser que ao Ter, esse mundo acabou e eu me pego estarrecida olhando a confusão em que, nós os humanos, estamos metidos! Esse mundo que desconhece, desqualifica e desrespeita o outro não é o mundo da minha utopia. Entendo a velocidade e até a necessidade das mudanças, mas quero continuar acreditando que nem todas nos servem, nos representam. Quero ser do meu tempo, mas princípios são inegociáveis pois são importantes demais para conduzir nossas vidas aqui neste plano. No mundo que “acabou” muitas coisas também não nos serviam mais e quero sempre olhar adiante, sem jamais desconsiderar as lições do passado para caminhar para um futuro que já é agora. E eu acredito nele.
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