Termina neste sábado – 5 de outubro, um ano antes das eleições – o prazo para os candidatos de 2014 estarem filiados aos partidos onde pretendem concorrer a presidente da República, governador, senador e deputado federal e estadual. Até quinta-feira (03), já haviam mudado de partido 44 deputados federais, um senador, um governador e dezenas (talvez mais de uma centena) de políticos locais e regionais que estão de olho na Câmara dos Deputados ou nas Assembléias Legislativas. Dois partidos foram criados à última hora e um – o de Marina Silva – não conseguiu se viabilizar. É uma formidável revoada que ocorre a cada dois anos e demonstra, de forma flagrante, a nossa fragilidade partidária. Nas democracias consolidadas, os partidos são espaços que abrigam políticos e militantes conforme a sua tendência, objetivos e ideologia. Desde o início, o militante adere à agremiação coincidente com seus princípios e objetivos e ali permanece até o fim. Luta internamente para que o partido mantenha sua linha de princípios e seja coincidente com os seus objetivos, diferentemente do que ocorre no Brasil onde, a agremiação partidária é apenas um cartório para viabilizar candidaturas e flutua ao sabor dos interesses. Quando o militante, ou grupo de militantes, tem seus interesses contrariados, simplesmente muda de partido ou até constrói um partido novo. Por conta disso, temos hoje o exagero de 32 partidos, a maioria deles servindo exclusivamente para a negociata de horário eleitoral, cargos no governo e formação de bases fisiológicas de apoio. A grande reforma política que o Brasil necessita tem de começar pelo conceito do que é “fazer” política. A instituição partidária não pode continuar carregando o viés cartorial e o condão da barganha. Os partidos deveriam existir e serem sustentados pela contribuição dos filiados e não pelo compulsório fundo partidário, constituído com o dinheiro dos impostos pagos pela população. Os partidos têm de pertencer ao povo e, principalmente, aos seus filiados, e carregar objetivo político-social. Poderiam, até, receber o aporte de recursos oficiais para funcionamento, mas não o tipo de benesse hoje existente. Receber pelo trabalho já realizado e jamais pela expectativa de trabalho ou pela sua simples existência. No dia em que conseguir “consertar” a sua vida partidária, o Brasil estará, automaticamente, se libertando de muitos dos vícios que mancham sua vida política. Criará oportunidade para o surgimento de lideranças autênticas e, finalmente, poderá ser considerado uma verdadeira democracia. E o povo lucrará com isso... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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