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Opinião
10/10/2013 - 17h00
O `Transtorno do Vício em Internet´
Breno Rosostolato
 

Vivemos a era da informática, das informações livres e da acessibilidade fácil e rápida a elas. As tecnologias se renovam, incessantemente, favorecendo e permitindo o contato das pessoas a todos os assuntos, a todos os lugares e a hora que quiserem. Esta é a Internet, o mundo de possibilidades que se veio de fato para ficar e hoje o mundo não existiria sem ela. A Internet é o sol no centro deste sistema globalizado que aquece a tudo e todos. Mas acontece que, como tudo nesta vida, a lei criacionista de “causa e efeito” sintetiza uma máxima: tudo que é demais enjoa. Enjoa, mas também adoece. Muitos problemas e dificuldades despontaram por conta do surgimento da Internet. Problemas que nem ousarei enumerar, mas quando refletimos quais seriam eles, rapidamente identificamos. Admito que muitos já existiam e que a Internet só acentuou sua gravidade. Me limitarei a um agravante que recebe pompas de transtorno, reconhecido pela Associação Americana de Psicólogos como uma dependência tão crônica quanto à de substâncias como álcool e cocaína, a Internet Addiction Disorder (Transtorno do Vício em Internet).

O problema afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo um recente estudo da Universidade La Salle, nos Estados Unidos. No Brasil, as pessoas que sofrem desta dependência chega a 4,3 milhões. Estes números que só tendem a crescer pela maior facilidade de acesso à web e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. Acho oportuno mencionar que a nomofobia também é um transtorno que consiste no vício por celulares, smarthphone e tablets. Estes são os nomofóbicos. Pessoas que ficam angustiadas quando não podem usar o celular. A impossibilidade de se comunicar usando o celular é sufocante e angustiante. O transtorno é associado ao fato de falar a todo o momento com os outros ou por considerar o celular imprescindível para sua segurança, desperta também a necessidade de ficar conectado à Internet. Isso não só é uma realidade, que muitos buscam comprar aparelhos cada vez mais modernos que facilitem o acesso à Internet. Os mercados de telefonia móvel, por sua vez, atentos a este movimento, lançam a cada ano modelos mais potentes, com novos recursos e aplicativos.

A preocupação se concentra nos jovens e nas crianças, sempre mais vulneráveis a este tipo de dependência, principalmente pelo surgimento cada vez maior dos jogos “online”. Este desprendimento ao mundo real é o perigo da dependência, que pode fazer com que a pessoa viva baseada na irrealidade. A Internet proporciona um prazer imediato, uma satisfação rápida que leva a pessoa desejar repetir a sensação. Esta busca pelo prazer imediato é o propósito destes tempos contemporâneos, em que a sociedade é movida pelo prazer próprio e a satisfação de seus desejos. O mal-estar imposto pela realidade pode assim ser atenuado. Muitos não possuem a noção do preço pago para concretizar este desejo desenfreado. Negligenciam suas vidas em prol de uma sensação agradável, mas momentânea. O indivíduo vivencia uma série de experiências agradáveis que incluem desde a possibilidade de abstrair o tempo até um incrível sentimento de poder. Tudo isso a um toque na tecla ou no mouse e que rompe a frágil película do limite e acionando outras dimensões, a fantasia. A escravidão é o preço pago.

Outro ponto que contribui para o vício é a falsa ideia de que você pertence a um grupo. A possibilidade de interagir com todos ao mesmo tempo e até com pessoas de outros países fomenta a fantasia do ciberviciado. O anonimato é outro fator preponderante para que esta fantasia aumente. Se apresentar como quiser, subtraindo em parte ou totalmente o que não gosta em si mesmo, e assim, assumir a imagem que quiser, colocando as máscaras que achar conveniente e sustentar a história que for agradável à pessoa.

As consequências do Transtorno do Vício em Internet faz com que a pessoa aos poucos vá perdendo o interesse na vida e tudo se resuma ao uso da Internet. O isolamento emocional e o contato interpessoal ficam prejudicados. A alienação é gradativa e a pessoa tende a ter dificuldades em interagir com o outro que não seja através da Internet. Quem precisa usar a Internet no trabalho, como instrumento para contatos e práticas profissionais não necessariamente possui a doença. O conflito é quando o sujeito começa a ficar inquieto, agitado e bastante incomodado em não ter condições de acessar a rede, o que causa muito sofrimento. Deixar de lado a responsabilidade do dia a dia para ficar conectado é um sintoma evidente da dependência. Carência, insegurança, vida solitária, dificuldade em lidar com frustrações, fobia social, baixa autoestima e depressão constituem o perfil de indivíduos mais propensos a desencadear o transtorno, pois encontra no mundo virtual amparo para os seus conflitos emocionais.

Existem alguns tratamentos que envolvem remédios e psicoterapia para diminuir o uso de Internet. A proposta é fazer com que ela substitua a prática por coisas mais importantes na vida, modificando assim os valores do sujeito e aguçando o juízo crítico. Resgate o contato com o outro que não deve ser substituído pela máquina. Restituir as identificações sociais e uma maneira de reconstruir o afeto do sujeito, dando-lhe condições de se libertar desta dependência.


Nota do Editor: Breno Rosostolato é psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM.

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