O senador pediu (e obteve) o reembolso de uma nota de “refeições” no valor de R$ 7,5 mil. Outros colegas seus também apresentam notas de altos valores. A alta comilança escandaliza o povo, pois tudo é pago com o dinheiro público, vindo dos impostos que cada um dos brasileiros sofre para recolher no seu dia-a-dia. São comportamentos dessa natureza que contribuem para aumentar a repulsa em relação aos políticos que, poucas vezes na história nacional, estiveram tão em baixa popular quanto atualmente. Pode até ser legal a realização de gastos dessa ordem com a utilização da verba pública. Até porque foram os próprios gastadores que elaboraram as leis. Mas não é moral. Os políticos não deveriam se esquecer de que são guindados aos cargos onde se encontram através do voto da população e que a cada quatro anos – ou oito no caso dos senadores – têm de se encontrar novamente com o povo e pedir seu voto para continuar no posto ou para eleger o sucessor. E como pedir o voto ao trabalhador, ao sertanejo ou ao sofrido homem da rua, depois de ter malbaratado o dinheiro público? É preciso pensar nisso. Infelizmente, o eleitorado, motivado pelos competentes marqueteiros pagos regiamente pelas campanhas, vota pelo impulso publicitário e, muitos dos votantes, se perguntados, nem se lembram em quem votaram nas últimas eleições. Mas os políticos não devem ignorar que a paciência popular está cada dia mais no limite. As manifestações que bloqueiam ruas e exigem providências das autoridades, mesmo que manipuladas politicamente ou tomadas de assalto por desordeiros, acabam deixando um residual de conscientização. Elas indicam a insatisfação do povo com seus representantes. Para evitar constrangimentos, seria melhor que o Senado, a Câmara dos Deputados e as repartições em geral – inclusive as estaduais e municipais – criassem limites para os gastos em mordomias (incluem-se aí as refeições) de forma a evitar abusos. Quem quiser dar festa, deve fazê-lo às custas do próprio bolso. Há que se acabar com notas de refeições, aluguel de carros, tapiocas e outros quetais. O representante do povo deve ter condições de viver no seu local de trabalho, mas não precisa de palácio, veículos e despesas pagas pelo erário. Seus gastos pessoais devem ser custeados pelo salário que recebe, exatamente como ocorre com todo cidadão de norte a sul deste país... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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