Uma explosão provocou ferimentos em 30 pessoas, nesta quinta-feira à tarde, na sede dos ministérios das Comunicações e dos Transportes, em Brasília. Felizmente, ninguém morreu, mas a ocorrência demonstra, mais uma vez, a fragilidade das edificações brasileiras. O local do acidente fica a poucos metros do Palácio do Planalto, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e dos demais ministérios. Segundo o Corpo de Bombeiros de Brasília, é um dos prédios sem habite-se, irregularidade só descoberta depois da tragédia da boate de Santa Maria (RS), ocorrida em 27 de janeiro. Pelo visto, sua segurança deve ser precária e, como ele, todos os 17 edifícios que compõem a Explanada dos Ministérios. Questiona-se, por exemplo, a localização da casa de força no subsolo com a possibilidade de, num acidente, espalhar fumaça tóxica ou até incendiar o prédio. Outra dúvida pode ser lançada sobre a manutenção dos equipamentos elétricos, hoje executada por empresas privadas que não observam os rígidos padrões antes seguidos pelas estatais e não são devidamente cobradas pelas suas reguladoras. No impacto das mortes de Santa Maria, grande mobilização nacional revelou a existência de prefeituras, câmaras de vereadores, teatros municipais, mercados públicos, repartições estaduais e federais todas funcionando sem a observância das normas de segurança estabelecidas em lei e rigorosamente cobradas dos particulares que pretendem instalar seus negócios. Governadores, prefeitos e outros administradores prometeram soluções mas, há tempos, não se fala mais nisso. O acidente de Brasília mostra que pouco ou nada foi feito para a regularização de segurança dos imóveis públicos. Isso no centro nacional do poder. O que se pode pensar, então, sobre os imóveis das capitais estaduais, das cidades médias e das pequenas comunidades interioranas? É preciso resolver! Por uma questão de defesa própria, os funcionários dessas repartições deveriam denunciar a omissão que pode custar até suas vidas. Se não puderem fazer abertamente, utilizem os serviços de disque denúncia, mas denunciem! O mesmo também poderia ser feito em relação a faltas injustificadas do quadro de funcionários, equipamentos quebrados, leitos desativados e até o mau atendimento em hospitais, prontos-socorros e ambulatórios. O funcionário honesto, agindo dessa forma, protegeria a própria vida e prestaria um serviço à Nação ao fazer as mazelas chegarem ao conhecimento do público e das autoridades. Esse também é um jeito de salvar o Brasil... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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