Depois da digestão, a glicose passa para a corrente sanguínea, onde é utilizada pelas células para crescer e produzir energia. No entanto, para que a glicose possa adentrar as células, ela precisa da ajuda de outra substância, a insulina. Ela é um hormônio produzido no pâncreas, uma grande glândula localizada atrás do estômago. O diabetes ocorre quando o pâncreas para de produzir a quantidade certa de insulina necessária para mover a glicose do sangue para as células do corpo. A desinformação é um dos maiores problemas para o controle do diabetes. Atrasa a detecção, interrompe o tratamento e penaliza o organismo. Vários mitos foram criados acerca da doença. O endocrinologista Dr. Breno Tavares, do Hospital Nossa Senhora das Graças, esclarece dúvidas sobre a doença. Quem come muito açúcar terá diabetes? Quem tem hábito de comer muito açúcar não necessariamente irá adquirir a doença diabetes. A causa do diabetes envolve fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores ambientais encontra-se a obesidade e os maus hábitos alimentares. Quem come muito açúcar pode desenvolver obesidade, e se já tiver uma predisposição genética terá maior chance de se tornar diabético. O arroz integral é mais indicado para consumo pela pessoa com diabetes do que o arroz branco? Sim. O arroz integral possui algumas vantagens em relação ao arroz branco, uma delas é o melhor controle glicêmico. Ele possui mais fibras e vitaminas, tem um menor índice glicêmico, ou seja, a absorção de glicose é mais lenta, gerando mais saciedade. Entretanto, lembre-se que o arroz integral também é composto principalmente pelo amido, sendo transformado em glicose no intestino, portanto, não deve ser consumido em excesso. O tipo 1 é mais grave que o tipo 2? O Diabetes tipo 1 é uma doença em que o pâncreas já não produz quase nenhuma insulina, assim o paciente precisa iniciar o tratamento com injeções assim que descobre a condição. Necessita de várias aplicações de insulina e várias medições de glicemia capilar ao dia. A doença não tem cura. É preciso ser bem disciplinado e aderente ao tratamento, mantendo as glicemias bem controladas, para não surgir complicações. No diabetes tipo 2, o pâncreas ainda produz insulina, e pode ser bem controlado apenas com medicamentos orais e bons hábitos alimentares, sem necessidade de insulina. Já em alguns diabéticos tipo 2, principalmente naqueles com muitos anos da doença, o pâncreas pode perder a capacidade de produzir insulina e necessitar da versão injetável para controle das glicemias. Quais os riscos da glicemia alta? A glicemia alta é prejudicial para o nosso organismo. Quando está em níveis muito altos, acima de 300-400, leva a pessoa a urinar muito e entrar num estado de desidratação, que se não for tratado, pode levar ao coma e até a morte. Quando a glicemia não está tão elevada, normalmente a pessoa não apresenta sintomas, mas essa glicose alta vai aos poucos provocando lesões nos nervos e vasos sanguíneos, e após alguns anos, podem surgir as chamadas complicações do diabetes. Entre as principais complicações, podemos citar a retinopatia - que pode levar a cegueira, a nefropatia - que pode levar o paciente a fazer hemodiálise, a neuropatia e vasculopatia periférica - que podem causar dor, deformidades e amputações, principalmente nos pés e pernas. Se o diabético não comer carboidrato, não precisa usar insulina? É preciso ter um consumo moderado de carboidratos, mas não se deve abolir totalmente o carboidrato da dieta, o que na verdade é muito difícil de ser conseguido na prática. A necessidade de se usar insulina varia de paciente para paciente, de acordo com o estágio da doença. Aqueles pacientes que abusam dos carboidratos (massas, doces, pães) podem precisar do uso da insulina em um futuro próximo, se continuarem com a indisciplina alimentar. O consumo de frutas está liberado para quem tem diabetes? Todos nós devemos ter uma alimentação rica em frutas que são ricas em fibras e vitaminas. Porém, também possuem glicose e não devem ser consumidas em excesso pelos diabéticos. Recomenda-se o consumo de 3 a 4 frutas pequenas por dia, em refeições diferentes. Qual a importância da atividade física para o diabético? Atividade física regular é de grande importância no tratamento do diabetes. Ajuda a melhorar o controle glicêmico, pois melhora a captação de glicose pelos músculos e ajuda a insulina produzida pelo nosso pâncreas a agir melhor no nosso organismo.
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