A descoberta da máfia que promovia a renúncia fiscal e cobrava propinas na Prefeitura de São Paulo é um exemplo que o prefeito Fernando Haddad dá para os demais administradores públicos brasileiros. Ao tomar conhecimento da possível existência do esquema, acionou a controladoria e descobriu os malfeitos, provocando a prisão de funcionários categorizados. A nódoa pode ter manchado até integrantes do seu próprio grupo político, que teriam recebido ajuda de campanha vinda da propina. Se confirmada a participação dessas figuras de sua confiança, não terá outra coisa a fazer além de afastá-las do governo e denunciá-las à Justiça. É como devem agir todos os governantes e dirigentes legislativos sempre que lhes chega a informação sobre inconformidades no âmbito de sua administração. Com isso cortam o mal pela raiz e evitam desgastes como os conhecidos mensalões, sanguessugas e as farras das ONGs, cartões corporativos e tapiocas. Quando apura e pune os errantes incrustados em seu governo, o político detentor de mandato cresce no conceito popular, pois cumpre com o seu dever de administrar e defender o bem público. Pode sofrer revezes junto a setores políticos comprometidos com o erro e a corrupção, mas sai vitorioso perante o povo, a quem pediu os votos para se eleger. Se todos tivessem esse comportamento, a classe política certamente não sofreria da má imagem que o povo dela faz na atualidade. Apesar das dificuldades, escândalos e omissões, não podemos ignorar que o Brasil de hoje é melhor do que o de anos atrás. Se considerável parte dos políticos têm dado margem para o desgosto da população, temos do outro lado o Ministério Público, a Polícia Federal e a Imprensa, que têm cumprido uma verdadeira cruzada anticorrupção e maus hábitos político-administrativos. Essas instituições precisam ser prestigiadas e fortalecidas, e a Justiça ser mais rápida. Temos até a organização popular que produziu e impôs ao Congresso a Lei da Ficha Limpa, que banirá muitos maus políticos, e o nascente movimento “Acorda” em todo o país. É preciso cultivar as boas iniciativas e combater os vícios e excessos. O povo precisa voltar a ter motivos e até orgulho para votar. O país carece de verdadeiros líderes, que trabalhem na solução dos problemas e jamais permitam que o sagrado dinheiro público, destinado à prestação de serviços à população, seja desviado para enriquecer as quadrilhas de colarinho branco... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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