Dia 11, na Fundart - Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, houve a festa de encerramento do Projeto "Ação Ambiental Verão 2005" em que foram apresentados os resultados da ação e das pesquisas feitas com turistas sobre a percepção deles sobre vários aspectos de Ubatuba. Um dos aspectos que chamou a atenção é que a praia do Perequê-Açú era vista de uma maneira negativa no que se refere à qualidade da água. O interessante é que quando se faz uma pesquisa, se colhem dados e tomam-se decisões. Nos encaminhamentos de soluções havia a prioridade de se trabalhar a qualidade da água das praias de Toninhas e da Enseada, que também apresentavam alguns dados negativos. Como não estou com a pesquisa em mãos e não anotei na hora, não me lembro exatamente, mas fiquei intrigado. Por que a prioridade para Toninhas e Enseada? É com tristeza que constatamos que as duas praias do centro (Itaguá e Cruzeiro) permanecem com a qualidade de impróprias durante quase o ano todo e que essa situação vai demorar muito para ser revertida. Resta então, próxima ao centro, Perequê-Açú, que algumas vezes está incluída entre as impróprias. O mesmo ocorre com a Toninhas e a Enseada. Portanto é necessário não deixar acontecer o mesmo que aconteceu com a Itaguá. No entanto, Perequê-Açú é muito bonita, guarda ainda um caráter rústico, de cidade do interior. É a que está mais próxima do centro e dos bairros mais populosos, que abrigam a população fixa da cidade. É ela que recebe os moradores da cidade no fim do dia para um momento de lazer e relaxamento. Será que é porque está mais acessível a uma população de baixa renda que ela não mereça essa prioridade? Como foi exposto, Ubatuba é uma cidade que não tem grandes indústrias; portanto a poluição é causada pelo lixo doméstico, o qual está presente mesmo quando não há grande fluxo de turistas. Portanto, faz-se necessário um trabalho mais constante com a população local, especialmente nas imediações dos rios Grande e Indaiá. Próximo ao rio Tavares, as escolas da região já estão desenvolvendo um trabalho de conscientização. Também não se enfocou a grande responsabilidade do governo estadual e municipal que até agora não tomaram medidas eficientes no que se refere ao tratamento de esgoto e de lixo. O lixão de Ubatuba está no fim de sua capacidade útil. Além disso, está dentro da bacia hidrográfica do rio Grande, numa zona de proteção de mananciais. Ultimamente vem-se colocando muito o peso sobre os desastres ambientais em cima da população pobre que ocupa áreas de risco e de preservação; no entanto, a cobrança de medidas mais eficientes por parte do poder público são muito tímidas. Será que não seria mais eficiente fazer uma ampla campanha para exigir da Prefeitura a implantação da coleta seletiva de lixo em todos os bairros? Parece que trabalhar na praia e na beira dos córregos recolhendo o lixo é como enxugar gelo. Uma participante apontou com propriedade a necessidade de uma ampla campanha para reduzir a produção do lixo. Países mais adiantados, como a Alemanha, por exemplo, taxam os moradores pela quantia de lixo produzido. Outros países exigem que as indústrias recolham o lixo que produzem. Uma indústria que usa pet, deve criar mecanismos para recolhe-lo novamente. É evidente que o pagamento pelo lixo vai diminuir os lucros da empresa e elas vão pensar um pouquinho mais para produzir mercadorias e embalagens desnecessárias.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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