Ao pensarmos em mamas, seios ou busto temos dois pensamentos: o primeiro é de uma mulher bonita com seus seios expostos a provocar o desejo dos homens, a seduzi-los com sua sensualidade. Eles assim não pertencem à mulher. Pertencem ao olhar do outro - aos homens. Devido ao mito da mulher ideal, preciso seduzir... Coloco silicone, faço plásticas e tento da melhor maneira possível servir ao ideal proposto pela mídia e pela moda. Perco o contato com o que sou. Preciso ser amada pelo que tenho... Ainda sobre o tema, o segundo pensamento que pode nos ocorrer é o de uma mãe angelical amamentando seu filho. Seus seios são olhados, mas as pessoas tendem a desligá-lo da sexualidade da mulher, mesmo que ela sinta um enorme prazer ao amamentar seu filho. Seus seios passam a pertencer ao filho. A revista Veja apresentou uma matéria sobre o câncer de mama e também uma pesquisa entre mulheres com câncer. Chega à conclusão de que as mulheres com câncer estão de bem com a vida e são alegres e comunicativas. Não sofrem de falta de auto-estima. Para mim, o câncer de mama denota o enorme conflito inconsciente das mulheres atuais. Uma parte delas para poder sobreviver precisa matar o ser feminino. O ser sinuoso. O ser passivo. Antigamente, nossas avós amamentavam tranqüilamente. Hoje, nós mulheres lidamos com máquinas, computadores, trocamos pneus, enfim, fazemos tudo que o homem faz. Mas, ficamos nervosas ao temos que amamentar. Acho que muitas mulheres estão inconscientemente receosas de conservar seu caráter instintivo de procriação. Precisam escolher entre a maternidade, o gozo sexual ou um trabalho satisfatório e criativo ou uma atividade política ou social importante. E, infelizmente o câncer de mama instala-se para que a mulher lembre: sou feminina, possuo seios para tornar meu corpo sinuoso ou mamas para amamentar - alimentar. Mas, primeiro preciso aprender a alimentar-me. Cada renúncia gera conseqüências. Cada mulher necessita buscar individualmente a sua solução que sempre será conflitante. Uma vida sexual satisfatória favorece a ela e a seu filho. Um trabalho a complementa. Mas, por que e para que abrir mão da maternidade? Por que e para que renunciar à feminilidade? Cabe às mulheres, com seus seios belos ou feios, bons ou maus, assumirem o que desejam. Desejam exibir seus seios aos meios de propaganda? Desejam seduzir os homens com eles? Desejam alimentar a seus filhos? Seja qual for o nome dado, busto, seio, peito, não é necessário esperar que um câncer as lembre de serem um Eu. Cabe a cada uma usar seus seios de uma maneira prazerosa e erotizada, seja para seduzir, para amamentar ou para terem prazer. É importante que saibam que os seios a elas pertencem. Assim como a vida. Não é necessário que uma parte sua morra para que a outra viva.
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