A constatação de que aplicações fraudulentas levaram os fundos de pensão de servidores estaduais e municipais a perderem R$ 528 milhões é alarmante. Principalmente porque os responsáveis do rombo ainda tentam demonstrar normalidade nos negócios e com isso fogem ou retardam a punição. Da mesma forma, ONGs constituídas exclusivamente para lesar o erário e esquemas mafiosos maiores ou menores distribuídos por todo o país, que roubam o dinheiro público, periclitam a prestação de serviços de saúde, educação e outros devidos pelo Estado à população. E raramente se vê falar da prisão ou punição dos criminosos. O Ministério Público, a Polícia Federal, a Imprensa e algumas outras instituições têm sido fundamentais no processo de identificação e apresentação dos crimes e dos criminosos à Justiça. Lamentavelmente, nos últimos tempos temos deparado com informações de que faltam recursos operacionais à Polícia Federal e que a Receita Federal – o braço fiscal do Estado – diminui o seu ritmo de trabalho por falta de verbas operacionais. As autoridades responsáveis pelo provimento financeiro dessas instituições jamais poderiam permitir que se chegasse a esse ponto, principalmente em momentos como agora, quando o trabalho dessas organizações alcança errantes aliados ao governo. Não pode, nem de longe, restar à população a idéia de que o braço político esteja por trás do enfraquecimento do serviço público em favor dos companheiros errantes que movimentam a ladroagem e os maus hábitos nos escaninhos do poder. Embora exista a grande gama de recursos à disposição daqueles que podem pagar bons advogados (e muitos pagam com o dinheiro roubado!), é do grande interesse nacional a criação de legislações especiais para penalizar os corruptos. Os que já tiveram apreendidos ou tornados indisponíveis barcos, carrões, imóveis e outros bens incompatíveis com sua renda, não deveriam ter mais o direito à liberdade pois, com seus roubos, podem ter provocado o caos nos serviços públicos o sofrimento e a morte de incontável número de brasileiros. As manchetes, todos os dias mostram cartéis, desvios, golpes, grandes danos ao erário e o povo (acreditem!) indiferente. No passado, por muito menos, caíram presidentes e governos inteiros. Seriam esses esquemas as tais “forças ocultas” a quem Jânio Quadros disse ter se negado a servir e, por isso, foi obrigado a renunciar e ainda a levar para o túmulo sua verdadeira identificação? Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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