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Opinião
12/11/2013 - 11h10
Motivar o professor? Mas, para que queremos isso?
João Luiz Muzinatti
 

Por que ser educador? Por que se decidir por enfrentar as grandes dificuldades que a área da Educação impõe a todos aqueles que nela se aventuram? Otimismo cego e exagerado? Falta de perspectivas ou talento para outros ramos “mais promissores”? Obstinação, idealismos?

Hoje, viver na Educação, ou da Educação, significa, não só um desafio pessoal imenso, mas uma opção no mínimo questionável. Então, buscar os porquês de tais escolhas, ou pensar em como tornar palatável a vida do professor, pode ser, mais do que mera reflexão acerca do educador brasileiro, também um exercício de questionamento sobre o que seria ser cidadão em nosso país. Afinal, por que apostaríamos em causas perdidas se o que queremos, mesmo, é poder construir uma vida mais viável e feliz?

Muito se diz acerca dos problemas e das vantagens da Educação no Brasil. Qualidade ruim, falta de recursos, professores mal remunerados e desrespeitados, alunos desestimulados, famílias que não sabem o que representa, de fato, a escola na vida de seus filhos. Porém, não é menos verdadeiro que, seja numa conversa entre amigos ou num palanque, a Educação é sempre apontada como a redenção possível de um país que, aos trancos e barrancos, ousa caminhar para uma condição de melhor nível de vida. Alguns falam em Educação como uma força redentora quase sagrada. E, de discurso em discurso, o que resta é contradição – a saber, a evidente necessidade e a tão alardeada intenção de se investir na Escola, quando o que se vê de fato é o mais profundo descaso por parte de políticos e até de eleitores. Sim, pois estes também não a valorizam tanto, na prática, como o fazem com consumo e lazer.

Então, refletir, hoje, sobre o que motiva os educadores e os faz insistirem nesse caminho pode ser o mesmo que pensar no futuro de nossas crenças no país e na vida da nação. Aproveitar espaços como este para pensar no professor, pode ser uma retomada ética da busca de um significado para a nossa vida em sociedade. E, nesse movimento, tentar entender para quê, de fato, nos serve a escola. E quem é esse protagonista solitário da epopeia diária da busca do saber. Por falar nisto, que valor pode possuir, na sociedade do espetáculo e das compras espetaculares, saber? Saber o quê? Pelas atitudes de grande parte das pessoas em nosso país, o conhecimento acadêmico – esse apreendido na escola – parece servir apenas para permitir que nossos alunos cumpram sua escolaridade obrigatória. Em outras palavras, aprende-se para poder sair da escola. E como nunca seria possível motivar alguém para o que quer que fosse sem saber a troco de quê se faria isso, resta-nos pensar em quais razões justificariam investir no professor. Que importância o mesmo teria a ponto de se colocar foco em sua realidade e em seus interesses?

Tentar entender sobre o que faria nossos mestres quererem mais e ter mais prazer com a sua profissão pode passar, antes, pelo questionamento sobre o que, de fato, nós esperamos da escola. Que importância lhe atribuiu, de verdade. Que vínculo certamente conseguirmos estabelecer entre boa educação, cultura, conhecimento e vida mais feliz. E, o, mas importante, o que é realidade e o que é apenas discurso. Depois, sim, fará sentido investigar sobre a figura do personagem que um dia já teve status de gente importante e que hoje parece mais um desbravador errante que já não sabe o que busca, nem para onde deve caminhar. Vamos motivá-lo? Mas, nós o queremos de fato?


Nota do Editor: João Luiz Muzinatti é mestre em História da Ciência, engenheiro, professor de matemática, filosofia e ciências, consultor do MEC em Filosofia, na TV Escola – programas Acervo e Sala de Professor –, autor do livro Inventário de Mim (Ed. Scortecci).

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