A depredação do prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo), ocupado pelos estudantes grevistas desde o dia 1º de outubro, é uma fato lamentável. Não poderia acontecer num ambiente como aquele, uma das mais importantes entidades de ensino do país, onde o estudo é gratuito e só consegue entrar uma elite de candidatos muito bem preparados, de onde tendem a sair os futuros expoentes das diferentes profissões e da ciência brasileira. Esses alunos, ora travestidos em vândalos, certamente sabiam o que faziam e, por isso, não podem restar impunes, como tem ocorrido na regra geral com aqueles que depredam, saqueiam e vandalizam o patrimônio. A ocupação deu-se num prédio onde trabalham mil funcionários. Pelo menos teoricamente, todos eles e nem o reitor tiveram como trabalhar durante esses 40 e poucos dias, e a universidade não parou. Resta a pergunta que não quer calar: é realmente necessária uma equipe desse tamanho? Isso, no entanto, é questão administrativa. O inaceitável é que toda a depredação tenha acontecido e os seus autores possam agora retornar às aulas como se nenhum agravo tivessem cometido contra a instituição. Todos os envolvidos têm de ser chamados à responsabilidade e, na medida de sua participação apurada, compelidos a responder com os danos, sem isenção das sanções penais a que estiverem sujeitos. Prevaricarão os dirigentes da universidade e as autoridades em geral se assim não o fizerem. A título de serem democráticos, governantes, autoridades e dirigentes de instituições públicas, são muito lentos e negligentes ao tomarem medidas de proteção ao patrimônio sob sua guarda. E, no final, amedrontados em enfrentar os transgressores da ordem e depredadores patrimoniais, fazem os reparos às custas do erário, rateando o custo da baderna para toda a população. Essa leniência tem levado o país cada dia mais à desordem e à barbárie. É preciso, com toda urgência, restabelecer o império da lei. Todo cidadão tem de ser submisso à legislação vigente e saber que, se transgredi-la, sofrerá as devidas sanções. Aqueles que não concordam com a lei têm o direito de lutar pela sua mudança. Mas, enquanto em vigor, não pode deixar de cumpri-la. Sem isso, a sociedade perece... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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