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Opinião
19/11/2013 - 11h06
Para amar o próximo
Dartagnan da Silva Zanela
 

Ama teu próximo (Marcos XII; 31). Eis aí algo que não é para fracos, nem para frescos. Ainda mais na sociedade atual. Não que hoje sejamos menos capazes de amar, não mesmo. O problema é a grande confusão que impera em torno do que hoje se entende por amor.

O amor é confundido com freqüência com um sentimentalismo barato, com aquele velho bom-mocismo superficial que muito mais se preocupa com a sua boa imagem, com o cultivo de boas relações com tudo e com todos, desdenhando a verdade. No fundo, quando se fala das bonitezas do amar o próximo, está-se declarando apenas que devemos nos bajular uns aos outros, lisonjearmo-nos mutuamente, como se isso fosse amar. E quando o ego inchado não é devidamente massageado, atire-se nas ventas a pia passagem do Evangelho de São Marcos, cobrando-se o amor que, no fundo, não é almejado.

Sim, se formos nos apegar apenas a esse fragmento da Sagrada Escritura e desdenharmos o fato de que apenas há amor onde a Verdade impera (I João III; 18), iremos concluir que devemos nos reduzir a condição de pusilânimes que testemunham o erro e o aplaudem em nome do bom-mocismo mixuruca travestido de amor.

Porém, não é assim que devemos ouvir essa instrução que nos é dada pelo Divino Mestre. Aliás, a Sagrada Escritura não deve ser lida fragmentariamente. As Santas Palavras dialogam internamente e revelam-nos a face de Deus ao mesmo tempo em que desnudam o nosso coração. Lendo-as assim, podemos vislumbrar o que o Verbo Divino está a nos dizer.

Ao mesmo tempo em que nos exorta a proceder amorosamente Ele nos mostra o que significa amar. Cristo perdoa a mulher adultera arrependida que estava prestes a ser apedrejada e leva os fariseus a realizar um exame de consciência quando declara que aquele que não tem nenhum pecado poderia atirar a primeira pedra (João VIII; 1-11). Isso é amor como também é uma lição amorosa o momento em que o Filho de Deus, com o chicote em suas mãos, escorraça os vendilhões do templo (Matheus XXI; 12-16).

Nas duas cenas, e em muitas outras, Ele está nos ensinando a amar porque Ele é o Amor. Jesus não está preocupado com a sua imagem ou se as pessoas amadas por ele irão ficar faceiras com seus gestos e palavras. Ele quer apenas que as pessoas reconheçam suas faltas e arrependam-se para se converterem (mudar de vida) e serem perdoadas. Isso é amar. É assim que o amor nos agracia! Completando-nos, reparando o que fora lesado pelos nossos atos, omissões, pensamentos e sentimentos turvos.

Um bom exemplo é São Patrício que, diz-nos ele, antes de ser humilhado era como uma pedra no fundo do lamaçal. A amorosa humilhação o despertou de sua torpe condição e o arrastou para a realidade do amor.

Por isso que amar, em seu sentido pleno, é um ato de auto-sacrifício gracioso. Cristo, em todas as passagens dos Evangelhos, ensina-nos isso, não apenas no sacrifício cruento no madeiro da cruz. Ele não nos exortou a sermos simpáticos com a mundanidade, nem mesmo a aprovar todos os desejos humanos, mas sim, a esforçarmo-nos pela via da fidelidade a Verdade, que é superior a boa imagem que tanto gostamos de cultivar ao invés de verdadeiramente amar o próximo.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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