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Opinião
18/03/2005 - 06h12
Febem em Ubatuba
Rui Alves Grilo
 

"Não me convidaram pra esta festa pobre
que os homens armaram pra lhe convencer
a pagar sem ver toda essa droga
que já vem malhada
antes de eu nascer.
Brasil, mostra a tua cara...
" (Cazuza)


Você quer que uma Febem seja instalada em Ubatuba? Acredito que não.

No entanto não existe grupo que exista sem regras. Para a sobrevivência do grupo ou sociedade, aquele que transgride as regras está sujeito à punição.

Por outro lado, não existe transformação sem a contestação. Geralmente aquele que contesta o padrão vigente paga um alto preço e é preciso ser muito forte para resistir às pressões do meio social. Todo o progresso originado dessa atitude, geralmente só muito mais tarde é valorizado e reconhecido. Como exemplo podemos citar Jesus Cristo, Zumbi, Chiquinha Gonzaga. Martin Luther King, Mandela...

A adolescência é um período de formação e de afirmação da personalidade. Para isso, o jovem questiona tudo, experimenta tudo para ver quais são os limites e possibilidades. Para o adulto, nem sempre é fácil essa convivência e esse desafio contínuo representado pelo outro em busca de espaço.

O jovem busca seu espaço na sociedade, numa sociedade competitiva e individualista, onde vale mais ter do que ser, onde quem não consome está por fora. A roupa vale mais pela etiqueta do que pela finalidade de abrigar e proteger o corpo. A roupa de marca custa caro, embora possa ser feita do mesmo tecido de uma outra qualquer. Os meios de comunicação de massa, a todo instante, apelam aos jovens para que consumam todo tipo de produto, nem sempre necessário e, aos quais uma pequena minoria tem acesso. Se você não consome você não é nada. A percepção dessa desigualdade leva, ou ao ódio e desejo de conseguir esses produtos a qualquer custo, ou à atitude de passividade e resignação, esperando o reino e a igualdade no além.

É preciso remar contra a maré e criar o sonho. Mostrar que o consumo não deve ser o objetivo de vida, pois o consumo desenfreado será o fim da humanidade pelo esgotamento de seus recursos naturais. É preciso levar o jovem a valorizar o seu potencial criativo e que ele seja sujeito de suas escolhas. Que ele não sinta aquilo que o Belchior diz na sua música "Como nossos pais": "Eles venceram e o sinal está fechado para nós, que somos jovens...".

Ninguém quer a Febem porque sabe que é uma instituição falida, que não atinge o objetivo de ressocializar o menor infrator e reintegrá-lo à sociedade. Por outro lado é necessário fazer alguma coisa para impedir que a sociedade e o próprio jovem sejam prejudicados por atitudes impensadas e pelo emprego da violência.

O Jardim Ângela, em São Paulo, era um bairro que convivia com esse problema, exibindo as mais altas taxas de mortalidade juvenil por meios violentos. Cansada de esperar pelo poder público, toda a comunidade se mobilizou para criar esse sonho. Assim surgiu o Projeto RAC - Redescobrindo o Adolescente na Comunidade. Além do sucesso na recuperação de adolescentes em regime de liberdade assistida (LA), acaba de lançar um livro com o mesmo nome, para avaliar e socializar a experiência. O livro saiu pela Cortez Editora e estamos nos mobilizando para trazer a equipe para um debate aqui em Ubatuba, porque como diz um provérbio: "É melhor acender um fósforo do que amaldiçoar a escuridão".


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
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