O PT, desde seu nascimento, foi um Partido que lançou mão da estratégia de aliar heroísmo revolucionário, pureza ética e imputação de malfeitos a seus adversários (principalmente ao PSDB e a FHC) para galgar o poder, no que logrou êxito. Agora, com uma boa parte de seus principais militantes envolvida em procedimentos criminalmente reprováveis, mantém a coerência da suposta capacidade inusitada de remover montanhas, que os demais políticos não teriam, acompanhada da falsificação do real, desprestigiando o judiciário para safar-se das imputações do mensalão. Com isso, procura obliterar da consciência popular o fato de que foram julgadas increpações criteriosas feitas pela Procuradoria Geral da República a seus membros e os que com ele interagiram, por três anos, servindo-se de dinheiro público para conspurcar a autenticidade do processo legislativo brasileiro. Constatados tais fatos, a responsabilidade penal era inevitável e os ministros do Supremo não poderiam deixar de atribuí-la a seus verdadeiros autores, sob pena de também incorrerem no ilícito penal da prevaricação. Melhor seria se o PT aceitasse o resultado do jogo de partidas dobradas que o pôs no vermelho, os condenados dessem o exemplo de como se deve cumprir uma pena criminal, aproveitando-se do ensejo, não obstante o casuísmo político deplorável, para promover a humanização do sistema carcerário brasileiro, que anula completamente a finalidade social da reclusão. As bravatas das mãos levantadas contra um poder legítimo, expressão do Estado de Direito Democrático, conduzido por um regime político democrático, foram expressão de seus desafiadores, o que causou um profundo mal-estar na maioria da população brasileira. No balanço das perdas e danos, o PT ficou no negativo, devedor do direito legítimo, a quem precisou dar contas. Sofreu, como sofrem todos os réus, depois de imporem sofrimentos à vítima (no caso, o erário e a sociedade brasileira). Remontou, do alto de sua jactância partidária, às figuras semimíticas do grande livro das dívidas: livro de vida e de morte. Se viverá ou morrerá no teste das urnas tudo depende da consciência cultural e jurídica do povo brasileiro, ainda muito precária, não por culpa do povo, mas daqueles que empalmaram o poder para nele permanecer, por muito tempo, tendo como pressuposto a educação precária e a alienação cívica. Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado.
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