Mais uma vez, correm o mundo as imagens brasileiras da violência no campo de futebol. O confronto entre torcedores do Atlético (PR) e do Vasco (RJ) chegou a paralisar o jogo até a solução do conflito e a retirada dos feridos. Sobrou a polêmica quanto à existência de uma ação do Ministério Público catarinense, que impede a Polícia Militar de fazer a segurança interna do estádio, já que o jogo é um evento particular e, como tal, deve ser guardado por segurança privada, contratada pelos realizadores. A discussão sobre a responsabilidade da segurança interna dos estádios é antiga e estende-se por todo o país. Ocorreu em São Paulo a partir dos anos 80 e até hoje não há uma definição final. Todas as vezes que ocorrem distúrbios, o tema volta à baila. Quando a polícia age, mesmo, com o uso da energia necessária para o controle da situação, é acusada como violenta, e o problema, continua. Temos assistido, ao longo dos anos, a violência aumentar nos estádios, ao redor deles e no caminho para eles, onde os vândalos travestidos de torcedores se encontram, brigam e até se matam. O ocorrido em Criciúma (SC) é a inaceitável repetição de episódios que mancham a imagem do futebol brasileiro. Retrato da falta de legislação eficiente e da mercantilização selvagem do esporte. Os dois times em disputa nada têm em relação à cidade onde o jogo foi realizado e, portanto, não possuem torcedores locais. É claro que quem se dispôs a viajar centenas de quilômetros só pode ser integrante das torcidas organizadas que a experiência já demonstrou, são infiltradas por desordeiros que vão ao estádio apenas para provocar e brigar. Em vez de ir “faturar” em Santa Catarina, os organizadores deveriam ter feito o jogo em Curitiba ou no Rio de Janeiro, onde estão os reais torcedores dos times em disputa. A repercussão constitui uma inconveniente propaganda ao país que, dentro de alguns meses, vai sediar a Copa do Mundo. Já passou da hora das autoridades desportivas, do governo e do parlamento buscarem legislação e procedimentos de segurança compatíveis com as dificuldades do momento. Há que se endurecer contra aqueles que transformam o esporte em válvula para a explosão de seus instintos criminosos. Se a Inglaterra conseguiu controlar os temíveis “hooligans”, nós também podemos fazer isso com os nossos desordeiros dos estádios. É uma questão de fácil solução. Basta ter vontade política, administrativa e social... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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