Os bailes funk, também chamados “rolezinhos” são a nova forma de desobediência civil em São Paulo. Jovens convocam outros jovens para os eventos, realizados à revelia nos estacionamentos dos shoppings. Já aconteceu no bairro de Itaquera e existem convocações para outros estabelecimentos. Seria, segundo organizadores, uma resposta à polícia, que os impede de fechar as ruas e realizar seus eventos. Na verdade, é mais uma forma que setores interessados na contestação social encontram para intranqüilizar a população. As autoridades precisam agir rápido e, antes que seja necessário mandar a polícia para reprimir, adotar medidas que desencorajem esse tipo de promoção, que pode resultar em vandalismo, furtos, ferimentos e até mortes. A fraqueza e a demagogia dos sucessivos governos que, para benefício eleitoral, cultivaram, ao longo das últimas décadas, a cultura da liberdade sem responsabilidade e do direito sem dever, levaram a esse estado de coisas. Hoje fecha-se ruas, estradas, depreda-se o patrimônio público e particular e pouco ou nada acontece aos agressores. Os que são presos, logo saem pela porta da frente, protegidos pela legislação leniente e até incentivadora da desordem. Agora os shoppings é que estão na alça de mira. Os contestadores invadem suas instalações e levam pânico aos funcionários e freqüentadores, atrapalhando o funcionamento dos negócios regularmente estabelecidos, que pagam seus impostos e como tal são credores de segurança para desenvolver suas atividades. O poder público, que concede alvará de funcionamento, tem o dever de garantir as condições para que as atividades se concretizem. Assim sendo, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário precisam abrir seus olhos para esse novo e ilegal fenômeno e, por seus meios, buscar uma solução. Os comerciantes, funcionários e clientes dos estabelecimentos não podem ficar à mercê dos desordeiros e nem conviver com eventos por eles realizados à revelia. É importante identificar quem são os organizadores desses “rolezinhos” e chamá-los à responsabilidade, deles exigindo as providências comuns a todos os eventos e, se insistirem em realizá-los sem as devidas autorizações e medidas de segurança, aplicar-lhes os rigores da lei. Não devem se esquecer, também, de identificar e punir aqueles que, com certeza, por algum interesse, estão atrás desses jovens incentivando-os ou até auxiliando-os na transgressão. Sem medidas enérgicas, marcharemos para a ruptura e aí, talvez, só medidas amargas – como o AI-5, que faz 45 anos nesse dezembro – sejam capazes de resolver o problema. Não podemos esperar que isso aconteça... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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