As cenas de vandalismo na última rodada do Campeonato Brasileiro de futebol mostram o quanto ainda somos reféns da violência. Isso acontece justamente quando se aproxima o início da Copa do Mundo e as atenções de todo o mundo se concentram no Brasil. O que vimos na Arena Joinville é fruto da ação de verdadeiros criminosos. Bem ao contrário do que se espera de um torcedor, que é um cidadão apaixonado pelo seu time e que sabe respeitar seus adversários. Até quando vamos ver a criminalidade, a violência e a impunidade falarem mais fortes? O poder público tem de assumir sua parcela de culpa e erradicar esse mal. O fato é que ocupamos a incômoda 7ª posição no ranking mundial de homicídios. Ou seja, o crime faz 27,4 vítimas a cada 100 mil brasileiros. Ficamos atrás apenas de El Salvador, Ilhas Virgens, Trinidad e Tobago, Venezuela, Colômbia e Guatemala. Esse quadro nos coloca, infelizmente, distantes dos preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos – ainda mais no momento em que celebramos 65 anos de sua proclamação pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ironia ou não, tudo isso ocorre ao mesmo tempo em que o mundo perde um grande líder como Nelson Mandela, que sempre foi um ardoroso defensor da paz e dos direitos humanos. A situação ganha um contraste maior quando comparamos os números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estudo indica que os homicídios no país tiveram um acréscimo de 7,6%. O índice, que vinha caindo desde 2000, teve uma elevação de 14% no ano passado. Dessa forma, fica difícil cumprir o que diz o artigo 3º da Declaração: “Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Por isso, precisamos de leis mais duras para os crimes contra a vida. Somente assim evitaremos que a criminalidade, a violência e a impunidade continuem ganhando o jogo contra a paz, a justiça e os direitos humanos. Não sou adepta da tese derrotista de que o Brasil não reúne condições para sediar a Copa do Mundo. Pelo contrário, tenho plena certeza de que faremos um belo evento. Para tanto, temos de apostar na propagação da cultura de paz. Com isso, será possível incentivar o exercício da cidadania e promover o espírito de solidariedade e fraternidade na sociedade. Daí faremos jus ao artigo 1º da Declaração Universal: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.” E, espera-se, ganharemos a Copa. Nota do Editor: Keiko Ota (www.keikoota.com.br) é deputada federal.
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