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Opinião
20/03/2005 - 15h02
Fundamentalismo midiático
Antônio Carlos Tórtoro
 

Numa de suas palestras, o jornalista Mino Carta, editor-chefe da revista Carta Capital e um dos fundadores das revistas Veja e ISTOÉ - das quais saiu devido à mudança da linha editorial delas - disse que, "no Brasil, os fatos são mostrados como melhor convém àqueles que estão divulgando a notícia. Hoje em dia parece valer mais um gordo contrato publicitário do que a verdade dita sem censura, sem meandros, doa a quem doer. Por que não se diz a verdade?".

Para Mino Carta, os donos da mídia parecem acreditar naquilo que eles mesmos mandaram seus repórteres escrever.

"Nunca entendi por que grande imprensa. Eu a considero anã", declarou ele, conseguindo traduzir em poucas palavras a subserviência da mídia nacional ao poder.

É terrivelmente preocupante que, por motivos pessoais, o proprietário de um determinado jornal resolva cortar o nome de determinadas pessoas dos releases que lhe são enviados. Fico a pensar: quantos nomes e fatos não estarão sendo cortados por motivos particulares? Quantos fatos não estarão sendo censurados simplesmente porque o autor do texto ou o promotor do evento é amigo do dono, ou da mulher do dono, ou, enfim, é alguma coisa de quem manda no jornal?

É muito preocupante quando alguém que nem jornalista é, mas que, por algum motivo, chegou ao comando de um jornal, afirma que, nos textos enviados ao seu jornal, a menção a nomes de empresas foge totalmente ao fim dos textos que devem ser publicados e que esses são cortados, vez que essas menções atrapalham a sua área comercial?

Qual será o fim de um texto sob o prisma de um diretor industrial de um jornal? Um texto perderia a sua finalidade caso seu conteúdo trouxesse para a comunidade uma informação sobre o papel cultural e cidadão de uma determinada empresa? E se a empresa em questão fosse uma grande anunciante do seu jornal? Poderia? O mesmo texto passaria a ter um fim?

Isso é fundamentalismo midiático.

Enquanto algumas pessoas vendem a própria alma, e abrem mão de princípios para continuarem tendo espaço/colunas nessa imprensa anã, eu ainda consigo dar vazão à minha indignação e continuo acreditando na liberdade de imprensa, assegurada no parágrafo IV do artigo 5º da Constituição que garante a todos o acesso à informação, graças às exceções existentes na mídia ribeirãopretana.

O artigo 220 complementa o direito à liberdade de imprensa: "A manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer (repito: qualquer) restrição".

Será que o artigo 220 da nossa Constituição não pegou, como se costuma dizer, para alguns jornais que insistem em afirmar, da boca para fora - mas negando nas suas páginas - que a comunicação é a essência da liberdade e da democracia as quais comungam e defendem?

Palavras, palavras, vãs palavras.

Mino Carta tem toda a razão e a Ordem dos Velhos Jornalistas tem a palavra.


Nota do Editor: Antônio Carlos Tórtoro é Presidente da ARL - Academia Ribeirãopretana de Letras.

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