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Opinião
17/12/2013 - 11h23
A política do tapetão
Eduardo Negrão
 

Assim como na legislação brasileira, o futebol possui inúmeros recursos e brechas na lei que vão contra o mais importante princípio do futebol: ganhar o jogo dentro de campo. Essa simples regra de extrema importância para a torcida, para o caráter e para o futuro do futebol brasileiro parece que não é relevante para quem comanda o esporte e foi esquecida muitas vezes.

No futebol, a cartolagem, encontra na falta de jurisprudência, na desorganização e nas idiossincrasias dos julgamentos esportivos maneiras de reverter sanções e punições, de ganhar pontos e maquiar os resultados da sua própria incompetência. Qualquer paralelo que o leitor faça entre o judiciário e o congresso não será mera coincidência.

O tapetão, que assombrou anos e anos o futebol do Brasil, está cada vez mais presente após o fim do Clube dos 13 – apesar de suas limitações era a única plataforma de debate entre os protagonistas do futebol, os Clubes – O Fluminense e Vasco entraram com recursos para tentar resolver o que não conseguiram dentro do campo: três pontos que evitariam o rebaixamento.

Mas não seria a primeira vez que o time das Laranjeiras utilizaria da ineficiência e desordem das leis e dos administradores do futebol brasileiro para reverter uma situação desfavorável. Em 1996, o Tricolor carioca foi rebaixado e após uma manobra da diretoria, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) alegou problemas de arbitragem e manteve o Fluminense na primeira divisão. Já no ano 2000, quando o Fluminense, rebaixado para série C, ao invés de disputar a série B, o time participou da Copa João Havelange, ou seja, pulou a B.

Mas as manobras da cartolagem brasileira não são exclusividades dos times cariocas. O Grêmio, quando disputou a segunda divisão em 1992, não conseguiu se classificar para a série A, entretanto a CBF alterou as regras e o time do Rio Grande Sul se viu de novo na elite do futebol brasileiro. No campeonato brasileiro de 2005, a competição teve 11 jogos anulados após o escândalo da máfia dos apitos. Com a caricata presença do iraniano Kia Joorabchian, arauto do milionário Boris Berezovsky sob o qual pairava suspeitas de ligações com a máfia russa – tradicional investidora do futebol internacional. Como todo investidor estrangeiro que se aventurou no futebol tupiniquim, Boris, perdeu um caminhão de dinheiro.

Nada representa melhor o Brasil do que o futebol, não apenas em glamour e excelência, mas também nas mazelas e desigualdades. O raciocínio Orwelliano se aplica como uma luva nessa demanda entre aristocrático e influente Fluminense e provinciana Lusa; todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros...

Na véspera da Copa do Mundo, a imagem do Brasil está deteriorada com os incidentes em Joinville e na Arena Corinthians, atrasos nas entregas do estádio e nas obras de acessibilidade. A volta do tapetão contribuirá ainda mais para enterrar o pouco de esperança que ainda há na gestão do futebol brasileiro.


Nota do Editor: Eduardo Negrão (www.eduardonegrao.com.br) é consultor político e foi gerente de comunicação do Clube dos 13 entre 1999 e 2004.

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