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Opinião
20/12/2013 - 07h01
A admirável fazenda animal
Dartagnan da Silva Zanela
 

Existem quatro bens fundamentais. Quatro esferas de realização humana. Cada um desses bens representa o centro, o coração pulsante duma vida, servindo de pedra angular da personalidade.

Estes bens seriam, em ordem crescente, a saciedade e a integridade física, o prazer, a liberdade e o conhecimento da Verdade. São bens fundamentais, não porque o escrevinhador destas linhas assim o quer. O são porque todo ser humano se pudesse tê-los numa porção imensurável não faria nenhuma objeção. Saúde plena e corpo sarado, gozo indescritível, liberdade sem tramelas e compreensão fácil e rápida de todo e qualquer assunto são bens que, todo ser humano, em sã consciência, considera desejáveis.

Entretanto, não podemos ter todos esses bens ao mesmo tempo e o tempo todo por razões óbvias. Aliás, tendemos a centrar nosso coração num destes bens tornando-o, inevitavelmente, o centro ordenador de nossa pessoa. Por isso, em nome dum bem, sacrificamos os outros.

Ao realizarmos essa escolha limitamos, queiramos ou não, o campo de nossa ação. E isso ocorre porque o objeto de nosso desejo torna-se o limite da realização de nossa humanidade. E é aí que a porca torce o rabo.

Quanto mais ascendemos nesta escala, mais amplo é o nosso círculo de possibilidades. Quanto mais restringimos nossa existência a primeira e a segunda esfera, mais nos tornamos fragilizados.

Resumindo: um indivíduo que tem como centro de sua personalidade o terceiro e quarto bem, não é objeto passivo das forças externas que o circundam. Já um indivíduo que tem como pedra angular de sua vida o primeiro e o segundo, inevitavelmente, torna-se um sujeito de fácil manipulação e controle.

A razão disso é muito simples. Uma pessoa que faz de sua integridade física o centro pulsante de sua personalidade é uma criatura que vive, em maior ou menor medida, assustada com a possibilidade de perder o seu tesouro, dispondo-se, tranquilamente, a sacrificar o seu prazer, liberdade e o conhecimento da verdade para preservá-lo. Exemplo: as loucuras que certas pessoas fazem para manter seu corpinho, as sandices que realizam para ter uma imagem jovial prolongada. Tudo, tudinho, em nome do primeiro bem. Quanto à segunda esfera, deixemos para outra ocasião.

Por fim, não há dúvidas que uma vida imersa numa esfera como essa é duma compreensão ínfima e, por isso, de fácil manipulação. Não é por acaso que a sociedade contemporânea cultua tanto esse bem. Não é por menos que temos tantas publicações e programas televisivos que exaltam o bem-estar físico e a boniteza superficial. Não é à toa que a sociedade brasileira está cada vez mais assemelhada a uma mistura híbrida, e patética, das ovelhinhas da fazenda animal da fábula de George Orwell com os pacatos cidadãos da distopia de Aldous Huxley.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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