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Crônicas
21/03/2005 - 09h21
Ubatuba e o avião à álcool
Sidney Borges
 

A primeira vez em que voei um longo trajeto de cabeça para baixo foi em Itu. O meu saudoso amigo Lamartine Navarro Junior, artífice do Proálcool, usineiro e entusiasta de aviação, trouxe para o Brasil um professor universitário americano que estava desenvolvendo pesquisas para o uso do álcool como combustível aeronáutico. Acabei me lembrando do fato porque hoje a Embraer anunciou a venda do milésimo Ipanema, avião agrícola sobejamente conhecido. Acontece que o combustível do número mil é o álcool e poucos sabem como tudo começou. É óbvio que as pesquisas para o uso desse combustível não começaram com a vinda de Max Schauke (seria essa a grafia correta?) e sua fogosa mulher italiana, a turma do CTA estava atenta, acontece que havia pouca divulgação e nós não ficávamos sabendo. Max fazia álcool de restos de chocolate e com ele abastecia seu Bellanca Decathlon que vez por outra tossia e dava um susto no passageiro. Ele estava acostumado. Não era incomum o motor parar, fazendo com que o avião virasse planador. Por isso os testes eram feitos sobre alguma pista, em caso de pane o pouso estava garantido. Lamartine teoricamente deveria ser meu desafeto, tínhamos concepções políticas totalmente diferentes, acontece que amávamos tudo o que voava, daí para a amizade foi um passo. Numa tarde luminosa fui conhecer o projeto para depois escrever uma matéria para a revista Voar. Max me convidou para um vôo e eu aceitei, sem saber como é estranho voar de cabeça para baixo. Pelo menos na primeira vez, depois, como tudo na vida, acaba perdendo o mistério. Passar pelo dorso em vôo acrobático é uma coisa, colocar o avião invertido e percorrer assim alguns quilômetros é diferente. A sensação é a de um salame pendurado, é o que imagino, já que salames não falam. Max tinha sido piloto da marinha e depois "stunt pilot", ou seja, piloto de exibições. Era um exímio acrobata. Naquela tarde inesquecível fizemos uma longa sessão de cambalhotas. No final, jantando no Bar do Alemão, sugeri que talvez fosse melhor para eles operar ao nível do mar. Por que não em Ubatuba? Alguns telefonemas e o circo transferiu-se de mala e cuia para a nossa cidade, de onde Max e sua bella ragazza, tenho a mais absoluta certeza, jamais esquecerão. Isso aconteceu no final dos anos da década de 1980, nunca mais tive notícias de Max, mas hoje fiquei feliz ao saber que suas pesquisas acenavam para um futuro promissor. A aviação à álcool é uma realidade. Para o Lamartine mando um grande abraço, esteja onde estiver certamente tem avião na jogada. Essa doença nunca sara! E Ubatuba, para variar, mais uma vez esteve envolvida num projeto pioneiro. E nem sabia!

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