Um dia voltava eu para casa, me sentia feliz e transbordava de esperança – na base do verde que te quero verde – saltei do carro, olhei para minha casa, então, disse pra ela: olá senhora dona casa quer compartilhar da minha alegria, da minha felicidade, da minha esperança? E como casa não fala, resolvi, à sua revelia, pintá-la de verde para que ela ostentasse o meu estado de espírito. Dito e feito. Mas sabe como é, alegria de pobre dura pouco e no outro dia lá se foi a alegria, felicidade, esperança e a minha senhora dona casa passou a representar um acinte ao meu novo estado de espírito – a esta altura, macambúzio – e a minha vontade foi de virar uma pichadora e na calada da noite sair rabiscando suas paredes com alguns palavrões bem fora do meu linguajar só para ter o prazer de me sentir tão vulgar como qualquer um reles mortal. Dessas fêmeas que reclamam, sofrem por qualquer coisa, inclusive por amor, que é capaz de apelar para o seu lado masculino e encher a cara no primeiro boteco que avistar e de gastar todas as suas fichas numa máquina jukebox só para ouvir Roberto Carlos mandar tudo pro inferno.
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