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Crônicas
28/12/2013 - 09h00
No país da bunda, peito de fora é pecado
Ullisses Salles
 

Diante das reações durante o ToplessZaço do dia 21 de dezembro no Rio de Janeiro me vem à mente a seguinte pergunta. Afinal de contas, brasileiro gosta ou não de peitos? Sinceramente, a sociedade brasileira me deixa confuso. Eu moro fora do Brasil há 22 anos, tenho a sorte de viver em um dos países mais civilizados do mundo, onde liberdades individuais são respeitadas e toleradas. Ainda assim, aqui na Suíça temos pessoas que são contra o uso de drogas, a nudez, a ausência de religião etc. e etc. Com uma única diferença, as pessoas são coerentes com suas convicções. Você sabe quem é racista, quem é xenófobo quem é ultraconservador... Porém essas pessoas não têm poder político ao ponto de se tornarem uma âncora ao avanço do país.

No Brasil o único grupo social bem definido é dos hipócritas, pois ninguém age de acordo com o que prega. Todos criticam tudo ao mesmo passo que cometem todos os pecados pelos quais atiram pedras no próximo. É como se a sociedade braseira fosse um grupo de pessoas que pode fazer tudo aquilo que você não pode, e sim, elas te julgam por isso.

No Brasilistão o cidadão diz que é crime racismo contra negros, mas odeia nordestinos. O religioso brasileiro prega a moral e os bons costumes, mas enriquece ilicitamente e seus seguidores sabem e ignoram seus crimes, tudo em nome do suposto deus. Os homens filmam as mulheres na hora da transa e depois publicam na internet as chamando de putas... E pasmem, com total apoio de outras mulheres que são ainda mais machistas que os homens do Brasilistão.

No Brasilistão os programas mais assistidos são sem conteúdo algum, com mulheres nuas, semi-nuas em brincadeiras degradantes, e todo mundo assiste, comenta, compra a revista e a vida segue na santa paz do deus brasileiro; seja lá ele qual for. Mas quando uma mulher resolve praticar topless... Ela pode até mesmo ser presa. Sim, eu disse certo, no país onde um homem bêbado que atropela e mata dúzias de pessoas na parada do ônibus não é preso, um par de peitos é motivo de prisão.

Mas como assim? No Brasil? Não é possível. Não é lá que temos recordes de operações plásticas nos seios? Não é lá que existe pacote assistencialista para operação plástica dos seios? Não é lá que mulheres nuas em um carro alegórico mostrando os seios refeitos seis meses antes do carnaval é visto como a “arte” de um povo? Um amigo gringo incauto ao me ouvir dizer que lá topless é motivo de prisão vai me perguntar: “Ullisses, que país é esse do qual você está falando”?

Pois é, nem eu mesmo sei. O país do pornofunk, do fio-dental, da pornochanchada, das revistas de mulher pelada penduradas nas bancas de jornal em qualquer rua... “Ah, mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Sem dúvida, e exatamente por isso que um par de seios não deveria ser tratado como pornografia.

Freqüento locais nudistas desde os 15 anos, não me tornei tarado, pedófilo ou homossexual por causa disso. Não desrespeito as mulheres nem as ataco de acordo com a quantidade de roupas que elas usam. Aqui na Suíça temos saunas mistas, vestiários mistos, topless e campo de nudismo em cada canto do país; nem por isso a sociedade é menos evoluída do que a brasileira. Au contraire; as pessoas respeitam mais as regras, normas, leis, contratos...

Um par de seios não é ameaça à integridade da família, nem da sociedade mesmo porque a sociedade brasileira é tudo; menos íntegra. Mais criminoso e maléfico que o topless é a hipocrisia que reina no Brasilistão. Se você não gosta de peitos, não olhe para eles. Se você não gosta de maconha, não fume. Se você não gosta de homossexuais não case-se com um. Simples e indolor.

Mas a necessidade de posar de defensor da moral e dos bons costumes, faz da brasileira ainda mais amoral do que todas as sociedades onde a nudez e o topless são aceitos e praticados. No dia que o brasileiro aprender a respeitar a liberdade individual outrem e cuidar da sua própria vida e curar os seus próprios vícios, a vida nesse país será menos insuportável.

As vezes penso que apenas um Zepelim brilhante entre as nuvens flutuante daria jeito em certos vícios da sociedade brasileira... Mas lembro que no fim da canção, tudo voltou a ser como era e todos jogaram pedra na Geni.

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