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Crônicas
31/12/2013 - 10h01
A enchente
Tiara Camargo França
 

Bom, sabe-se que o verão, aqui em nosso Brasil, é marcado por um longo período chuvoso. Chuva, até que nos remete a coisas boas, como assistir a um filme, comendo pipocas. Ah! Tem, também, um bolinho com nome de chuva: bolinho-de-chuva delicioso, particularmente!

Mas, caro (a) leitor (a), lembra-se que eu citei a palavra Brasil? Pois é, convenhamos que, aqui, têm-se o bom hábito de construir bueiros, nas ruas, e o, digamos, “esquecimento” de que não podem permanecer entupidos. Logo: verão + chuva + bueiro entupido = enchente.

As enchentes ocorrem, geralmente, do lado de fora das residências, até que, não havendo lugar para a água, ela as invade. Mas, a história dessa enchente, que vou lhes contar, aconteceu de outra forma. Ela começa assim...

Dia vinte e quatro de dezembro de um ano qualquer. Dona Maria e, para variar, todos da casa, mobilizados na preparação da ceia de Natal:

– Zé, você vai buscar as cervejas, o gelo, o refrigerante, os salgadinhos.

– Espera aí, Maria! Anota, tudo num papelzinho, porque você sabe que me esqueço. Anote o horário, o nome das pessoas, o que vou buscar, onde eu vou buscar...

Seu Zé, o marido da anfitriã, conservou os velhos hábitos de organização, que aprendera como bancário. Era o oposto dela. E, a dona-de-casa não tinha muita paciência.

– Meu “filho”, é fácil! Você não está vendo que eu estou assando o peru, fazendo a farofa, a sobremesa, desde ontem? Não tive tempo nem de fazer as unhas!

– Tá bom... é... só escreve onde eu tenho que buscar o que você pediu. Aqui: o B-L-O-C-O e a C-A-N-E-T-A.

Ela escrevia, muito a contra-gosto.

– O que é isso aqui, que você escreveu? Não cortou o “t”, pôs o “z” no lugar do “q”.

– Pode parar! Você entendeu o que está escrito???

– É... entendi.

– Então, PRONTO! Pode ir que você já está atrasado!

A cozinha se parecia com uma sinfonia, orquestrada: o peru assava, enquanto a batedeira preparava o glacê, ao mesmo tempo em que a cebola, o bacon e o tomate eram cortados. O restante da equipe - as filhas - cuidavam da limpeza da casa. Cada uma a seu jeito, claro!

Terminados os preparativos, casa arrumada, todos compostos, a seus postos, era hora da festa.

Os festejos tiveram início com as baladas de Roberto Carlos, salgado, refrigerante. Terminaram com cerveja, Campari, “Jorge e Mateus”, farofa e peru. Abraços, alegria, presentes, oração. Uma bela festa!

Despedidas, mais abraços, festança acabada. Dona Maria dormindo de um lado, seu Zé de outro, e a melodia de roncos se completava. As “Belas adormecidas”, do outro lado da casa, a sono solto.

Foi lá que, pelas duas horas, por causa das cervejas a mais, dona Maria resolveu ir ao banheiro. Ao colocar os pés no chão, ouviu um sonoro ploft. “O que é isso? Água? – pensou”.

Em meio ao quarto escuro, a dona-de-casa saiu “nadando” até o banheiro, acendendo a luz e deparou-se com tudo repleto por água, exceto a cama. Exclamou:

– Zé, acorda!

– Hum... quem morreu?

– Olhe o nosso quarto, está repleto de água!

Seu Zé rolou para o outro lado, em um segundo, e aventurou-se a nadar pela casa. Fez uma visita na casa: metade dela estava alagada. “Meu Deus! Não está chovendo... o que é isso?”

Zé chamou:

– Maria, vai ao porão pegar uns baldes, enquanto eu vejo de onde está saindo essa água.

Dona Maria saiu, meio nadando, meio correndo, apressada, desceu até o porão. Esquece-se que a porta estava trancada e voltou para buscar as chaves. “Nunca nadei 'tanto', nem durante as aulas de natação” - pensou.

Abriu a porta e o porão estava alagado. A cadelinha de estimação estava lá, nadando, também! Dona Maria pegou todos os baldes, colocou-os do lado de fora. Pegou a cadela, colocou-a em um dos baldes. Com os outros, ia retirando a água do porão e jogando-a no quintal. Quando terminou a operação, quase se esqueceu que a cadelinha continuava nadando, dentro de um balde que se encheu de água. Porém, Maria conseguiu retirá-la, com vida, quando ouviu:

– Ande, “minha filha”! Aqui, em cima, está alagado!

Então, nadou mais um pouco, com os baldes. Lá ficaram, os dois, por 2 horas, retirando a água de casa. Quando conseguiram, seu Zé observou que o ralo de um dos banheiros estava entupido. Abriu-o, com suas ferramentas, desvendou o mistério: o cano estava entupido com alguns objetos.

Findada mais esta parte da operação, foi o momento de salvar o que se molhou: móveis, roupas, o disco do “Roberto”, entre outras coisas.

Com várias calorias a menos e, exaustos, foram dormir (a cama permaneceu intacta, para sorte deles!).

Lembram-se de como ocorrem as enchentes, não é? Decoraram a fórmula? Essa enchente, ocorrida de dentro para fora, obedeceu à mesma regra.

Então, a família aprendeu o que todas as outras se esqueceram: a educação e o zelo são aprendidos em casa e, consequentemente, aplicados fora dela.

Fácil, não é?

Ah, as “Belas adormecidas”? Acordaram, no dia seguinte, sem entender nada.

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