A desobediência civil tornou-se status em nosso país. Desde que aqui se implantou a cultura dos direitos sem os correspondentes deveres, grupos muitas vezes apoiados e regiamente financiados por segmentos políticos e sociais, passaram a invadir imóveis, depredar bens públicos e particulares e, mais recentemente, a incendiar ônibus e interditar vias de grande movimento, como forma de protesto. E as autoridades (seriam realmente autoridades?) pouco ou nada fazem para evitar esses crimes flagrantes. Seus praticantes fazem tudo na frente de policiais, previamente tolhidos por governos que, por algumas razões – ideológicas e eleitoreiras, principalmente - não querem enfrentar o problema e, quando podem, o utilizam contra seus adversários. Os contumazes invasores e depredadores nem fazem mais questão de esconder a cara, pois sabem que, mesmo quando presos, logo sairão pela porta da frente, protegidos pela legislação leniente e pela falta de vontade das autoridades, mais comprometidas com as próximas eleições do que com o império da lei e a ordem pública. Assim, logo depois de um distúrbio, já estão prontos para outro. Seria interessante verificar algumas vertentes do problema, principalmente qual o meio de subsistência dos ativistas, que não têm trabalho definido mas são sempre presentes na tarefa de inflamar o povo, transformando os incautos em massa de manobra e de interesses sabe-se lá de quem. Erraram os governos de anos, até décadas atrás, ao fazer vistas grossas às ocupações irregulares de encostas, várzeas e áreas públicas ou de preservação. Erram os atuais ao alimentar a esperança dos ocupantes irregulares quanto à permanência nesses locais depois que a Justiça determina a reintegração. Governadores, prefeitos e seus representantes têm de ser firmes ao cumprir as determinações judiciais e só prometer aquilo que podem cumprir. Não devem criar expectativas para os errantes, a não ser o cumprimento da lei. E se o fizerem, devem ser punidos. A sociedade e o povo têm sofrido muito com a ação dos contestadores sociais que agem livremente, ao arrepio da lei, e não sofrem as sanções cabíveis. Muitos brasileiros têm sido impedidos de chegar ao seu destino, de viajar no transporte coletivo ou simplesmente de sair de casa, porque os baderneiros agem no seu caminho e não são contidos conforme determina a lei. Cada dia mais, somos vítimas dessa gente. Agora lamentamos a menina morta e os feridos, vítimas do ônibus incendiado no Maranhão. Os governantes precisam atentar para suas responsabilidades. Desde o dia que assumiram seus cargos, cabe-lhes manter a segurança pública. Se não o fazem, precisam ser afastados por prevaricação. Quem se candidatou, se elegeu e tomou posse, tem o dever de governar. Se não o fizer, precisa ser afastado imediatamente e ceder o lugar a alguém disposto a cumprir a liturgia do cargo... Chega de omissão!!! Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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