O ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é acusado de ter recebido “uma fortuna” em propina da empresa que contratou para fazer inspeção veicular. Vereadores teriam pedido R$ 5 milhões para sepultar a CPI do ISS, que apurava irregularidades na cobrança do tributo municipal. As acusações são graves e os envolvidos negam. Mas, mesmo assim, é importante que haja a mais séria, isenta e competente apuração dos fatos para que, ao final, não restem dúvidas sobre o efetivamente ocorrido, com a justa penalização dos errantes. Se os agentes públicos restarem culpados, têm de sofrer todas as sanções previstas. Mas se, por outro lado, restarem como vítimas de falsas denúncias, além de reabilitados, precisam ter em mãos todos os elementos capazes de buscarem a reparação e o apenamento civil e criminal de seus detratores. Infelizmente, é hábito no panorama político brasileiro, a produção de ruidosos escândalos que, na maioria das vezes, têm motivação puramente eleitoreira. As acusações indevidas param obras, periclitam serviços públicos, frustram carreiras políticas e penalizam servidores e correligionários dos adversários de quem faz a denúncia mas, passado esse momento, que já causou sérios prejuízos financeiros ao estado, todos parecem se esquecer. Não raramente, acusado e acusador chegam até a se confraternizar, e o povo, bombardeado pelas notícias sobre grandes falcatruas, fica sem entender nada e com a sensação de quem foi enganado. Para o cidadão paulistano, não bastam as negativas de Kassab e dos vereadores. É preciso que as autoridades competentes investiguem e apresentem a verdadeira história. Feito isso, não restará dúvida, e a sociedade será vencedora e livre daqueles que, no caso, tenham errado, e sofrerão as consequências. Esse deveria ser o comportamento padrão para todas as denúncias em todo o país. Para evitar o nefasto denuncismo político-eleitoral e o revanchismo dos preteridos, as autoridades responsáveis pela apuração deveriam ter o compromisso ético de só divulgar as denúncias depois de receber provas robustas e de, elas próprias, terem convencimento da autoria e veracidade dos fatos denunciados. Jamais ceder aos holofotes e à popularidade efêmera, entregando ao consumo público fatos e coisas de que ainda não tenham certeza. Poderiam, até, se valer do sigilo processual para poder apurar com mais calma, e rigor e chegar, com segurança e a devida seriedade, à almejada verdade. Se houvesse a certeza de que todas as denúncias são devida e imparcialmente apuradas, muitos que hoje produzem dossiês, escândalos e boatos, deixariam de fazê-los, pois teriam a punição como certa. Só prevaleceriam as denúncias verdadeiras que, por serem verdades, resolveriam problemas da sociedade. Assim a vida se tornaria mais simples, objetiva e, até, feliz... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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