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Crônicas
24/03/2005 - 16h01
Severino, um retirante às avessas
Pedro Paulo Teixeira Pinto
 

Severino, que é Cavalcanti entre tantas outras "coisas" nossas de cada dia, pernambucano de João Alfredo (115 km de Recife), foi fortemente festejado pela vitória para a presidência da Câmara dos Deputados, ao som do hino de seu estado natal e escoltado com todas as honras por guerreiros do maracatu, no aeroporto de Recife, na sexta-feira, 4 de março, como informou a Folha.

Representante do chamado "baixo-clero" político, que ao lado do "alto-clero", também não confiável, dizem bem o que são, ao insistir em levar nossas instituições políticas, costumeiramente, à produção de fatos nada exemplares, Severino tem se parecido a um macaco em loja de cristais.

Ao contrário dos "Severinos" de João Cabral de Melo Neto, que em "Morte e Vida Severina" seguem em longo percurso o desenho do Rio Capibaribe, para chegar em Recife e tentar poder "morrer de velhice", em sonho acalentado (e não de fome e de outras mortes do sertão pernambucano), Severino, o Cavalcanti, empreendeu retirada em sentido oposto ao mar, desembocando no planalto central e instalando seu ninho no coração político do Brasil, Brasília, onde acaba de se fazer em rio caudaloso, glorificando-se no alto "pude" da República.

Dono de idéias que o colocam no quadro de pensamentos atrasados, agora vem tentando disfarçar suas desastrosas afirmações, inclusive desdizer o mote principal de sua campanha a presidente da Câmara, que prometia um aumento de 70% para seus colegas deputados.

Enquanto isso continuam por aí os "Severinos" de João Cabral no seu auto de natal pernambucano, tantas vezes citado desde a época dos militares no governo deste Brasil:

"Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.
"


Nota do Editor: Pedro Paulo Teixeira Pinto é professor e ex-prefeito de Ubatuba. (Fonte: Ubatuba Víbora)

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