18/08/2025  06h39
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
02/02/2014 - 17h08
O bacuri do faz ânsia
Mayron Régis
 

Alguns caminhos ficam para trás e sem ter e nem pra quê eles voltam a ser frequentados. O caminho do Brejão ficava atrás do que hoje é a propriedade do Vicente de Paula na Chapada do povoado Carrancas, município de Buriti, Baixo Parnaíba maranhense. A sua avô andava por esse caminho sempre que ia a casa de sua irmã. Os vaqueiros usavam o Caminho do Brejão para levar o gado até o Tabuleiro, também município de Buriti. O Vicente conta isso com uma ponta de orgulho.

Os proprietários de terra ou somente seus vaqueiros se juntavam em uma comitiva e saiam pela Chapada como num cortejo. A família dos Madalena, proprietária de terras nas Laranjeiras, carreou muito gado por veredas nas Chapadas de Buriti; o seu Antonio Madalena que hora e outra descarreira funcionários de empresas de soja e de eucalipto que indagam sobre os limites da sua terra que pega parte das Laranjeiras e parte das Carrancas. Uma vez, o seu Antonio Madalena palestrou tanto sobre o dia em que fora preso a mando dos sojicultores que o Vicente de Paula não via a hora de ir embora. Ele não para quieto em suas propriedades. O Vicente tê-lo encontrado foi um achado.

Hoje em dia, dificilmente, acertar-se-ia o Caminho do Brejão. Tampouco o Caminho da Gameleira e o Caminho do Vaqueiro. As fazendas de soja e de eucalipto substituíram os caminhos do gado pelos seus próprios caminhos, sem nomeá-los, é claro. O Caminho do Vaqueiro nunca existiria se dependesse da soja. A história do Caminho do Vaqueiro decorre da abundância de frutas na Chapada. Os vaqueiros escolhiam caminhos que se encostavam a áreas ricas em bacuri e cortavam apenas o essencial para que um grupo de pessoas e de animais não se ferisse em alguma árvore.

As Chapadas, em muitos casos, comportavam mata fechada e onde os bacurizeiros se sobressaiam em número e em altura, essa mata se fechava mais ainda. Os vaqueiros percorriam essas Chapadas com olhos no chão para que nenhum bacuri escapasse. Um dos bacuris mais famosos dessa época era o faz ânsia. Deram esse nome a ele porque um vaqueiro comeu tanto bacuri que deu ânsia de vomitar e morreu em plena Chapada.


Nota do Editor: Mayron Régis, colaborador do EcoDebate, é jornalista e assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM). Crônica originalmente publicada no blogue Territórios Livres do Baixo Parnaíba. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.