Eles existem, e daí? Falta inspiração, falta rumo. Nota-se que estes jovens “cheios de nada, vazios de tudo” — como dizia Plinio Corrêa de Oliveira — estão abarrotados de igualitarismo. Vê-se que a finalidade primária das esquerdas com os rolezinhos seria criar um episódio de luta de classes, em que proletários “que nada têm” se revoltariam diante do “luxo espantoso” dos shoppings. “Abaixo a opressão”! “Abaixo a injustiça”! Mas logo ficou claro que os proletários não estavam aparecendo, e sim os verdadeiros frequentadores de tais locais, muitas vezes da classe média baixa. Partiram então para uma variante, que era fazer uma farra, criar um tumulto. Outra maneira de implantar o igualitarismo, pois como diz o ditado popular, “quem não tem cão, caça com gato”: além da luta de classes há nos rolezinhos uma finalidade paralela: criar o caos, e acostumar as populações com ele. Como afirma Plinio Corrêa de Oliveira na obra Revolução e Contra-Revolução, é indispensável “pôr um pouco de clareza e de ordem num horizonte em cujos quadrantes o que cresce principalmente é o caos. Qual o rumo espontâneo do caos senão uma indecifrável acentuação de si próprio?”(¹) Está dando certo? Não parece, pois a impopularidade dos rolezinhos existe largamente inclusive no proletariado. Eles são pacíficos, ou assim se apresentam. É claro, entretanto, que sob esta capa pacifista há de tudo: roubos, insultos, drogas, vandalismo, uma imoralidade desbragada... Apesar de não serem violentos, não são inócuos, e se transformaram em um problema de segurança para os shoppings e seus frequentadores, além de constituírem um prejuízo certo para os donos das lojas, e também para os consumidores. A vitalidade que ostentam em boa parte vem de fora, uma espécie de empréstimo em que o que mais dá, mais lucra. Refiro-me ao Quarto Poder, aos midiagogos, ou simplesmente a certa mídia. Eles ganham com os rolezinhos. O caos, muitas vezes, é a primeira etapa das revoluções. “Eles entram pacificamente nos locais, mas, depois, costumam promover correria assustando lojistas e frequentadores. Os adolescentes se reúnem em grupos de cerca de 20. Passam correndo por corredores entoando batidas de funk. Os que vêm atrás se integram aos demais, numa formação conhecida como ‘bonde’.”(²) Organizados, não? E depois procuram fazer crer que se trata de manifestações inteiramente espontâneas! A própria esquerda reconhece que está decadente, e um sintoma dessa decadência é a própria existência dos rolezinhos: deviam ser de um igualitarismo mais explícito. Não conseguem nada de melhor, para não perder de todo a batalha da popularidade. Recentemente tentaram os black corps; fracasso. Abandonaram então a violência e criaram os rolezinhos, sem cor, sem cheiro e sem sabor, mas deu na mesma. Nem de longe atenderam ao que desejavam seus inspiradores, pois segundo uma pesquisa, nada menos que 82% da população é contra rolezinhos.(³) Até agora, foi um fracasso análogo ao dos sem-terra: 30 anos de malogro completados recentemente. Mas estejamos vigilantes: de tanto tentar, de repente acertam uma. Sobretudo se tiverem uma ajudazinha do clero esquerdista. Notas: ¹ Revolução e Contra-Revolução, Parte III, p. 159, Artpress, S. Paulo, edição comemorativa dos 50 anos da publicação. ² Ana Krepp, “Folha de S. Paulo”. 15-1-14. ³ Revela pesquisa Datafolha. “Folha de S. Paulo”, 23-1-14. Nota do Editor: Leo Daniele é colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM).
|